Topo

Menon

Rogério Ceni na encruzilhada

Menon

08/09/2019 18h34

Robert Leroy Johnson fez mesmo um pacto com o Diabo na encruzilhada das rodovias 61 e 49 em Clarcksdale, Mississipi, para se tornar um dos grandes guitarristas da história do blues? Não, né? Mas que toca divinamente, toca. Nem Deus e nem Diabo. Toca como um negro.

(Uma digressão. As frases acima são uma referência ao livro Paisagem de Outono, do escritor Leonardo Padura Fuentes, negro e cubano. Vencedor de prêmios internacionais. O detetive Mário Conde sempre se reúne para almoçar com amigos como Candito, Coelho e o Magro, que ficou paraplégico na Guerra de Angola. Eles ouvem Chicago e Creedence. Ao falarem sobre a banda discutem se Tom Fogerty, o vocalista, canta como Deus ou como um negro. É uma guerra de elogios.

 "Mas não venha não venha me dizer que Tom Fogerty canta como um negro, pois já lhe dissque cantcomo Deus, né? "

Voltando ao futebol, quem está na encruzilhada é o branquelo Rogério Ceni, ótimo no gol e enganador com a guitarra.

Ou bate as baquetas na mesa e coloca ordem na casa, ou sua passagem pelo Cruzeiro será tão efêmera quanto um rififi interrompido.

Quando um jogador faz uma crítica descabida porque um colega esteve no banco de reservas, ou é muito amor ou excesso de falta de caráter.

Thiago Neves quer derrubar Ceni. Ou Ceni o tira do time ou perde o respeito. Ele prometeu agir, esperemos. O certo é que os dois próximos jogos, contra Palmeiras e Flamengo serão muito duros. Jogos com potencial para mandar o glorioso Cruzeiro para o Z-4.

Ceni sabe disso e mandou a real. Colocou como sua missão apenas escapar do rebaixamento. Nada mais.

Precisa ter gente comprometida ao seu lado. O restolho precisa ser deixado na estrada.

Faça sua escolha, Ceni.

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.