Topo

Menon

Racismo no futebol: vítimas e heróis da resistência

Menon

20/11/2019 11h23

Pelé, o maior jogador de todos os tempos, poderia ser um exemplo (mentiroso é claro) de que não existe racismo no futebol.

Recebido e exaltado por presidentes, reis, rainhas, sultões, marajás, ditadores, democratas, casado com brancas de vários matizes, Pelé sempre foi aceito e adulado. Cadê o racismo?

Está em Carlos Alberto, que, em 1914, usou pó de arroz para passar por branco e poder defender o Fluminense.

Está em Bigode e Barbosa, os únicos culpados pela derrota na final da Copa de 50. Nosso time espetacular perdeu para uruguaios? Bota a culpa nos negros. São covardes, não têm responsabilidade, não têm frieza e afinaram para Obdulio.

Mas… Obdulio não era negro também? Não era o Negro Jefe?

O racismo está nas teorias que impediam Garrincha de ser titular. E nas histórias nunca comprovadas que o tratavam como um limítrofe qualquer. Não vai ter segundo turno? Ganhamos do time que parece o São Cristóvão, o que vem agora? Comprei um rádio que fala sueco, mas ele desaprendeu assim que chegou no Brasil.

O racismo está no grito asqueroso que transformou Aranha em Macaco. E como foi bonito ver o goleiro enfrentar aqueles delinquentes que manchavam a história gremista.

O racismo está aí a cada macaquito que ouvimos de búlgaros boçais e de ucranianos bandidos, ofendendo a alma de Taison e Dentinho.

O filho de Dentinho deve ter perguntado à mãe porque o pai chorava feito uma criança. O filho de Taison sempre vai poder se orgulhar da revolta do pai diante do ataque à sua dignidade.

No Dia da Consciência Negra, saúdo Pelé, que, com sua magia, elevou a autoestima de tantos negros, me solidarizo com tantas vítimas de racismo e aplaudo, de pé, os que lutam contra a opressão.

 

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.