Racismo no futebol: vítimas e heróis da resistência
Pelé, o maior jogador de todos os tempos, poderia ser um exemplo (mentiroso é claro) de que não existe racismo no futebol.
Recebido e exaltado por presidentes, reis, rainhas, sultões, marajás, ditadores, democratas, casado com brancas de vários matizes, Pelé sempre foi aceito e adulado. Cadê o racismo?
Está em Carlos Alberto, que, em 1914, usou pó de arroz para passar por branco e poder defender o Fluminense.
Está em Bigode e Barbosa, os únicos culpados pela derrota na final da Copa de 50. Nosso time espetacular perdeu para uruguaios? Bota a culpa nos negros. São covardes, não têm responsabilidade, não têm frieza e afinaram para Obdulio.
Mas… Obdulio não era negro também? Não era o Negro Jefe?
O racismo está nas teorias que impediam Garrincha de ser titular. E nas histórias nunca comprovadas que o tratavam como um limítrofe qualquer. Não vai ter segundo turno? Ganhamos do time que parece o São Cristóvão, o que vem agora? Comprei um rádio que fala sueco, mas ele desaprendeu assim que chegou no Brasil.
O racismo está no grito asqueroso que transformou Aranha em Macaco. E como foi bonito ver o goleiro enfrentar aqueles delinquentes que manchavam a história gremista.
O racismo está aí a cada macaquito que ouvimos de búlgaros boçais e de ucranianos bandidos, ofendendo a alma de Taison e Dentinho.
O filho de Dentinho deve ter perguntado à mãe porque o pai chorava feito uma criança. O filho de Taison sempre vai poder se orgulhar da revolta do pai diante do ataque à sua dignidade.
No Dia da Consciência Negra, saúdo Pelé, que, com sua magia, elevou a autoestima de tantos negros, me solidarizo com tantas vítimas de racismo e aplaudo, de pé, os que lutam contra a opressão.
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