Cilinho, genial, morre mais atual que nunca
Dr Otacílio Pires de Camargo. Nome de médico, de embaixador. E de Cilinho, que foi – morreu hoje, aos 80 anos – muito mais que isso.
Foi criador dos Menudos, o fantástico time do São Paulo, campeão paulista de 85 e 87, sob seu comando e campeão brasileiro em 86, com Pepe.
Um time voltado ao ataque, com extrema velocidade. Bernardo, Silas e Pita; Müller, Careca e Sidnei. A base era está. Também jogava Márcio Araújo no lugar de Bernardo. Quem não jogava era Falcão, o Rei de Roma, já em fase final de carreira.
Era um frasista genial.
Passarinho que acorda cedo, bebe água limpa (louvando o trabalho)
Nunca confie em garçon ou centroavante de cabeça baixa.
Era um entusiasta de jogador rápido pelo lado do campo. Com Muller ou com Mazinho Loyola. Era o seu formato, a sua assinatura.
Fora do futebol, tinha outras paixões. Conflitantes. Colecionava arte barroca e galos de briga.
Era um entendedor de futebol. Não era um erudito, como Parreira ou Cláudio Coutinho, mas um filósofo popular.
Se falasse mais bonito e fosse menos turrão, teria tido mais sucesso. Mas não seria Cilinho.
Eu poderia lembrar da alegria que era ver aquele time jogar. Mas, Cilinho fala por si. Leiam a entrevista abaixo dada à Revista Placar em 1986.
Ele estava cotado para a seleção. E fala o seguinte:
O calendário brasileiro mutila o jogador
A Seleção tem de jogar no ataque.
A Seleção precisa fazer o povo feliz.
Ah, se o Tite pensasse assim.
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