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Flamenguista "ofendido", o que você sabe sobre Ésperance ou Al Hilal?

Menon

08/12/2019 04h00

Anice Badri.

Ibrahim Ouatarra.

Carlos Eduardo de Oliveira Alves.

Bafetimbi Gomis.

Então, torcedor do Flamengo? Já ouviu falar desses jogadores? Um tunisiano, um camaronês, um brasileiro e um francês.

Não?

Você, torcedor do Flamengo, acha que Rodrigo Caio, Pablo Marí, Rafinha e Filipe Luís conhecem esses jogadores?

Sabem como atuam? Sabem quais são suas características?

Deveriam saber?

Os quatro se enfrentarão no próximo domingo, pelo Mundial de Clubes.

Os dois primeiros pertencem ao Esperance, da Tunisia. Os outros dois são do Al Hilal, da Arábia Saudita. O time vencedor enfrentará o Flamengo na semifinal do campeonato.

Então, não haverá Salah sem Gomis. Não haverá Mané sem Ouatarra.

Se você não sabe disso, se os jogadores do seu time não sabem disso, por que Giorginio Wijnaldum deveria saber?

O holandês, volante do Liverpool, deveria estar decorando a escalação do Flamengo ou deveria estar pensando no RB Salzburgo, jogo do dia 10, em que o time inglês precisa de um empate para se classificar para as oitavas de final da Liga dos Campeões?

E outra coisa: o Brasileirão não é transmitido na Europa. Esta é uma luta que o Flamengo deveria encabeçar.

Mas Wijnaldum não conhece ninguém da história do Flamengo? Só Ronaldinho?

Caro torcedor ofendido, trago má notícia. O Pablo Marí também não. O Arrascaeta também não.

Nenhum jogador do elenco consegue recitar aqueles inebriantes versos que todo rubro-negro sabe de cor: Raul, Leandro, Figueiredo Mozer e Júnior; Adílio, Andrade e Zico; Lico, Nunes e Tita.

E mais. Duvido que saibam escalar a seleção brasileira de 70. E o Wijnaldum também não conhece os dez companheiros de Cruyff na seleção de 74.

Jogador é assim mesmo. Vive o momento. E assimila os conceitos passados pelo treinador. E não faz diferença se o Mister disser "cuidado com o negro alto que cabeceia bem" ou "cuidado com a impulsão de Gomis".

Mas o que me deixa encafifado é o seguinte: por que o torcedor do Flamengo (e de outros times) deseja tanto ser reconhecido por europeus? Por que, como tietes alucinadas, anseiam por um piscar de olhos?

Maldito complexo de vira-lata.

Uma coisa eu garanto. O torcedor e os jogadores que acompanharam a final de 81 sabem quem é o Flamengo. Os que acompanharam a final de 2005 sabem quem é o São Paulo e Rogério Ceni.

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.