Feliz Natal

Todo Natal eu me lembro do Belo. Adelmar Alves de Melo, que não vejo há quase 50 anos.

Belo é de Casa Branca. Fizemos o Tiro de Guerra juntos. No Instituto, ele era do Clássico e eu, do Científico.

Era um cara muito divertido, o Belo. Um gozador. Aliás, a turma toda me dá saudades. Nelsinho, Zimbres, Zé Roberto, , Tico,Laércio, Macafani , Jorginho, Edinho, Neice, Maria Inês, Deise e Ângela, que não eram do Tiro de Guerra, evidentemente.

Então, terminou o ano. Acabou a brincadeira. Fomos buscar outros rumos. Deixei Casa Branca e fui trabalhar no Banco Comind, em São Paulo.

E o Belo? Ah, o Belo. No final de 72, fomos fazer vestibular em Campinas e, não sei como, eu e Nelsinho fomos visitar o Belo, que vivia com a família.

Na hora do almoço, o pai dele resolveu fazer uma oração. Demos as mãos. Eu, com 19 anos, estava aborrecido, esperando uma novena.

E ele falou.

Senhor, dai pão a quem tem fome e fome de justiça a quem tem pão.

Nunca mais vi o Belo.

Mas aquelas palavras estão guardadas e ainda são importantes na minha vida.

Feliz Natal a todos, com amor e respeito aos diferentes de nós, que somos diferentes de tantos outros.