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Neymar leva o Brasil de volta ao passado, como o DeLorean de Marty McFly

Menon

19/06/2013 18h36

O dr. Emmet Brown (Christopher Lloyd) e o garoto Marty McFly (Michael J. Fox), com o seu DeLorean DMC-12 modificado, não nos levariam de volta ao passado com a mesma eficiência e magia de Neymar.  Foi no finalzinho do jogo, perto de uma das quatro bandeirinhas de escanteio no Castelão.

O Brasil vencia por 1 a 0 e levava um certo sufoco do México. Neymar recebeu a bola, cercado por Mier, seu marcador durante todo o jogo, e pelo capitão Rodriguez, já cansado. Talvez esperassem que o craque estivesse ali para segurar a bola, ganhar alguns segundos, receber uma falta ou conseguir um lateral.

Não foi assim. Com um tapa de direita e, em seguida, um toque de esquerda, colocou a bola entre as pernas de Mier, deixou Rodriguez olhando com cara de paisagem e deu o passe para Jô fazer o segundo gol do jogo.

Em dois ou três segundos, muito mais rapidamente que o DeLorean, ele nos levou, os brasileiros e mexicanos, a uma viagem nostálgica para nós e apavorante para eles. Quando a gente tinha Garrincha e eles iam de Copa em Copa – foram cinco seguidas – com o bom goleiro Carbajal. Bom porque nunca nos preocupou.

Um tempo em que Brasil x México era sinônimo de goleada. Para nós, é claro. Eles, inocentes, paravam para ver, quase pediam autógrafo, vibravam com nossos títulos e, por debaixo daqueles sombreros enormes, não ousavam sonhar em vencer uma Olimpíada em cima do Brasil. Quem falasse isso, seria internado. Sem direito a pimenta e guacamole, porque o caso seria muito grave.

O dia chegou. Foi no ano passado,em Londres. Neymar estava lá. Mas era – e aqui não se está criticando ninguém – um Neymar pouco produtivo,  pouco brilhante. Isso perdurou por um tempo, mas agora as coisas parecem mudar.

Neymar está vivo, alegre, feliz e responsável. Antes do jogo, abraça cada companheiro. Não é o capitão. É o dono. E, logo no começo, faz um gol maravilhoso, um voleio de alta classe. Muita técnica. E, em alguns momentos, foi visto recuado, dando uma mão a Marcelo, melhor no ataque do que na defesa.

Não foi constante, é lógico. Difícil para um jogador atuar em alto nível em 90 minutos. Mais difícil ainda para uma seleção. E isso precisa melhorar.

Falta um jogador de meio campo que dê mais ritmo ao time, saiba a hora de correr e de parar. Hulk fica mais na direita e ajuda na marcação. A responsabilidade da armação fica com Oscar. E, apesar do belo passe que deu para o gol de Jô no primeiro jogo, não tem feito o que se espera de um armador.

É um ponto que precisa melhorar, principalmente em partidas, como as desta quarta-feira, em que Paulinho não consegue dar sua cota para uma transição de qualidade.

Mas, há Neymar. O futuro do Brasil passa por sua capacidade de nos levar a um passado mágico, lúdico e onírico. E glorioso.

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


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