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Pacto do vestiário derrubou Ney Franco

Menon

05/07/2013 20h08

O rompimento de um pacto não escrito, mas tão velho como o futebol, foi a gota d'água que derrubou Ney Franco no São Paulo. Alguém imaginaria um técnico como Felipão colocando a responsabilidade dos maus resultados nas costas dos jogadores? Foi o que Ney fez após a derrota para o Corinthians. "Eu não posso entrar em campo e acertar passe" disse o treinador após os 2 a 1 pela Recopa.

Ele escancarou o que todo mundo sabe: a qualidade técnica dos jogadores é média. No máximo. Logicamente os atletas ficaram irritados e se sentiram abandonados. E a diretoria também não gostou. Eles vivem a ilusão – ou pelo menos gostam de passar essa impressão – de que o elenco do São Paulo é bom.

Com jogadores e diretores descontentes, o final de Ney Franco estava traçado. Havia alguma possibilidade de que isso só acontecesse após o jogo contra o Santos. Apenas para não dar aos corintianos o prazer de dizer que derrubaram um técnico do São Paulo. Finalmente, isso não foi levado em conta.

Em sua passagem pelo clube, Ney Franco teve desentendimento com vários jogadores:

1) Rogério Ceni – Em 24 de outubro do ano passado, contra o LDU de Loja, resolveu sua função de "patrão", de dono do time e pediu desesperadamente a entrada de Cícero e Ney Franco optou por Willian José. Após o jogo, Ney Franco disse que quem mandava era ele. Está vendo que não é bem assim.

2) Lúcio – O jogador foi substituído contra o Arsenal de Sarandi, na Argentina. Mostrando todo seu egoísmo, deixou o campo bravo, foi para o vestiário, trocou-se e foi para o banho. Nem esperou os companheiros. Depois, voltou a mostrar seu descontentamento ao dizer que "quando eu estava em campo, o jogo estava empatado"

3) Fabrício – Foi substituído em uma partida do Paulista e disse, ao sair: "me deixa jogar, professor". Ney não o escalou mais e quando houve o afastamento de muitos jogadores após a eliminação da Libertadores, exigiu que o volante fosse afastado. Deve voltar agora.

4) Treinamentos – Para muita gente pode parecer moderno treinador dar a seu auxiliar a incumbência de ministrar o treino (em basquete é normal) mas jogador de futebol não gosta. Éder Bastos, auxiliar de Ney, não era querido. Muita gente dizia que ele era muito chato.

5) Folga – No dia 11 de junho, sábado, Ney Franco tirou o dia de folga. O clube vivia momentos duros, com a derrota em casa por 1 a 0 para o Goiás, que veio após a eliminação na Libertadores e na semifinal do Paulistao. Na quinta-feira seguinte, todos teriam 11 dias de férias. Jogadores não gostaram da ausência do "professor".

A diretoria também não estava satisfeita com Ney Franco. Em 6 de março, João Paulo de Jesus Lopes, vice-presidente de futebol disse que a atuação da equipe na vitória por 2 a 1 sobre o The Strongest havia sido "vergonhosa".

Houve também desapontamento com a atitude de Ney Franco no amistoso contra o Flamengo. Em vez de montar o time que enfrentaria o Corinthians pela Recopa, dias depois, ele fez nove substituições no intervalo. Foi praticamente uma oportunidade perdida.

Ney foi afastado. E o novo treinador terá em mãos um elenco fraco.

Tem três jogadores veteranos acima da média – Rogério Ceni, Luís Fabiano e Lúcio – e nenhum está jogando bem.

Tem Douglas, um lateral que apoia muito, típico jogador de 3-5-2. Tem Clemente Rodríguez, dispensado pelo Boca.

Tem Rafael Tolói, Rhodolfo e Edson Silva. Quem dá segurança total?

Tem Denílson, que só acerta passes curtos. Tem Wellington, muito nervoso e sem capacidade de apoiar. E tem Rodrigo Caio, que está melhorando a cada jogo.

Tem Ganso, que ainda não jogou como antes.

Tem Osvaldo, muito pior do que no ano passado.

Tem Jadson, o melhor do time.

Mesmo assim, o time deveria estar melhor do que há seis meses. E não está.

Agora, Juvenal corre para deixar o clube com boa imagem. Precisa de um título antes de abril. Melhor pensar no bi da Sul-Americana. Seu outro trunfo, a cobertura do estádio, está cada vez mais longe. Atualmente, ele só pode se gabar da venda de Paulo Miranda por R$ 13 milhões. É muito pouco.

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


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