"Meu Palmeiras recomeça com dignidade"
Menon
17/08/2013 11h27
O texto abaixo é de Rubens Leme da Costa, palmeirense de corpo e alma. E black block pouco ativo. Ele analisa o recomeço e se lembra de Frank Zappa. Boa leitura, enquanto não chega a vitória contra o Paysandu.
CATZO, QUE SEJA O ÚLTIMO RECOMEÇO
RUBENS LEME DA COSTA
E, vamos nós, de novo, na Série B. Novamente a palavra de ordem é recomeçar. Catzo, como nós, palmeirenses, estamos cheio dela!
Há década recomeçamos. Há décadas que damos mais cabeçadas do que bêbado no escuro.
Porém, seguimos grande, do contrário os rivais não sentiriam tanto prazer em nos gozar. Pense bem: porque ninguém faz piadas com o torcedor da Ponte ou Guarani? Porque eles são pequenos, não rendem 20 segundos de conversa em uma mesa de boteco. O negócio é detonar o rival.
E ninguém deu mais munição do que o Palmeiras nos últimos anos, cortesia do ex-presidentes Mustafá Contursi Goffar Majzoub, Affonso Della Monica Netto, Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo e Arnaldo Luiz Albuquerque Tirone, que fizeram uma demolição tão perfeita como nenhum corintiano pensaria.
Arruinaram o clube financeiramente, politicamente, estrategicamente, clubisticamente. O "campeão do Século XX", a grande Academia, mais pareceu um time varzeano nas mãos desses senhores.
Menon, fino como ele, adora tripudiar o Palmeiras. Uma de suas frases prediletas de 2012 foi "estão querendo transformar a Portuguesa em um novo Palmeiras". E o pior foi ver nossa queda, enquanto a Lusa escapava. Menon não estava totalmente errado.
Mas não sou daqueles palmeirenses que acreditam em armação etc e tal. O time caiu porque era medonho e deve voltar à elite no ano do nosso centenário porque todo grande quando vai para B se enche de brio e volta no ano seguinte. Com exceção do Fluminense, é claro.
O time de 2013 é de razoável para bom, vem cumprindo uma boa campanha, embora pudesse estar melhor. E, por melhor, quero dizer invicto. Mas dane-se.
A preocupação número 1 tem que ser o acesso. Copa do Brasil está longe de ser prioridade. Imagine se somos bicampeões em anos consecutivos – coisa inédita até agora -, mas não sobe?
Gosto do trabalho de Gilson Kleina. Não é um gênio, mas me diga qual treinador brasileiro merece ser chamado assim? Nos últimos anos, o Palmeiras jogou um caminhão de dinheiro em cima de Luxemburgo, Muricy e Felipão e conseguiu o quê? Um Paulista, uma Copa do Brasil e um rebaixamento, resultados pífios para quem queimou mais de 50 milhões com os "professores" nos últimos anos.
Mais do que grife, Kleina conseguiu encontrar uma cara. Não é lá uma cara linda, mas é eficiente. O time hoje toma poucos gols de cabeça, tem um goleiro seguro, longe do legado de Marcos, mas muito superior aos terríveis Bruno e Deola.
Luís Felipe e Juninho são laterais cumpridores. O segundo melhorou muito com Kleina e não é mais aquele pavor de 2012. Felipe é uma boa promessa, embora fraco na marcação. No geral, ambos levam um 6.
Vilson foi uma das boas contratações da gestão Paulo Nobre, um presidente que pegou uma terra arrasada e mesmo sem dinheiro e dando cabeçadas vai conseguindo tocar o barco com dignidade e conseguiu até botar água na fervura política.
Não gosto do capitão Henrique, o jogador que mais vende camisa hoje, na lojinha do clube. É lento, vive fazendo faltas desnecessárias, se enerva com facilidade, confunde liderança com nervosismo. Mas é muito melhor do que Maurício Ramos e Leandro Amaro que foram infernizar outras torcidas.
Márcio Araújo é um Galeano mais tosco, mas amado por todos os treinadores e o jogador do atual elenco que mais partida tem pelo clube, para o meu completo desespero. E ainda deve renovar contrato. Como diria Frank Zappa "a tortura nunca termina".
Wesley finalmente se achou após um começo recheado de lesões e más partidas para quem custou mais de 14 milhões de reais e ganha 350 mil mensais. Pode jogar de segundo volante ou terceiro homem e se mexe pela direita, pela esquerda, armando, cruzando, chutando.
Charles foi uma grata surpresa quando nos livramos de Luan. Não é uma maravilha, mas marca bem, tem muita raça e chuta bem de média distância.
E Valdívia? Ah, o chinelo-chileno é um caso a ser estudado. Quase não joga, ganha uma fortuna e resolveu jogar uma Série B boa, com seis belas partidas antes de nova contusão na coxa e voltou a ter o status (imerecido) de ídolo. Quero muito que jogue bem para ser vendido no final do ano. Financeiramente, foi o pior negócio que o time fez, um custo-benefício muito longe de se pagar, mesmo que arrebente em 2013.
Leandro, Alan Kardec, Mendieta, Felipe Menezes, Ananias são jogadores bons para o atual campeonato. Vamos ver como se comportam na Copa do Brasil. Leandro tem pinta de craque se aprender a ser mais objetivo na hora de finalizar. Mas é inteligente, pode jogar como ponta-de-lança, faz ótimos passes e assistências.
Assim, espero que Kleina consiga cumprir 2013 e fique para 2014, quando o time terá voltará à sua casa, totalmente reformada, e com mais dinheiro em casa (assim espero). Meu medo é que Nobre, que adora Luxemburgo, sabe-se lá porquê, queira alguém mais de grife e jogue um caminhão em cima dele ou de um Abel, que nada tem a ver com o clube.
Que 2013 acabe logo, com o título da Série B e uma participação decente na Copa do Brasil.
E que o Menon se preocupe. Pois a Portuguesa pode virar um novo São Paulo
Saudações de um alviverde imponente.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.