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Bruno, deixe a zona do conforto. Há vida longe do Palmeiras

Menon

04/05/2014 18h16

Caro Bruno,

Escrevo esta carta mesmo sem ter visto a sua participação no jogo contra o Flamengo. Não sei se você falhou, não sei se os três gols foram indefensáveis, não sei se Fernando Prass teria salvo o time. Quero ser isento.

O que sei é que, quando foi definida a sua entrada a torcida palmeirense – pelo menos aquela que acompanho o twitter – tremeu. Jogou a toalha. Eram frases do tipo:

Bruno Tijuana entrou? O jogo está perdido.

Bruno entrou? A derrota é certa

Agora tudo é questão de tempo. Bruno está em campo.

Nem a Academia resiste a Bruno.

Tem revezamento no banco de reservas. E justo no dia em que Prass se machuca é a vez do Bruno?

Havia ainda comparações com aquele outro goleiro Bruno.

O que eu quero dizer, Bruno, é que não tem  mais lugar para você no Palmeiras. É como um fim de relacionamento. Por pior que seja, é hora de parar. Você era citado como o continuador de uma escola maravilhosa de goleiros, era o sucessor de Marcos, era o cara tranquilo, era o diferenciado. Hoje, nem se salvar o time milhões de vezes, a desconfiança vai acabar. Por que ficar aí? Revezando no banco de reservas? Para receber um bom salário em dia no dia correto?

É muito pouco, não é? Jogador de futebol não é funcionário público para ficar esperando a aposentadoria chegar. Jogador é para brilhar, ser amado, ser lembrado, ter sua atuação discutida em bares e botequins.

Talvez você ainda acredite na volta por cima no clube que ama, no clube em que sonhou ser ídolo. Olha, sinto muito. Não sei o que te dizem seus pais, sua namorada, seu empresário, mas no Palmeiras não dá mais.

Há vida por aí. Estive na Bahia e havia cartazes enormes com Marcelo Lomba fazendo propaganda institucional não sei mais do quê. Weverton saiu do Corinthians foi ídolo na Portuguesa e no Furação.

Tudo o que você sonhou ser no Palmeiras você pode ser em outro lugar.  Tudo o que você sonhou ser no Palmeiras você nunca será no Palmeiras.

É hora de escolher: a acomodação ou a luta.

Vá à luta, Bruno.

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


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