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#71 Valdivia diz que lugar de história é no museu. Não conhece o Uruguai

Menon

25/06/2014 10h46

O jornal Granma, de Cuba, país que ama o futebol embora não saiba praticá-lo, trouxe uma análise que considero perfeita sobre a vitória do Uruguai sobre a Itália. É do jornalista Yosel Castellanos.

Porque o Uruguai ganhou da Italia

1-    Por pelear el partido con el corazón, cuando faltaron las ideas en la cancha.

2-    Por jugar contra un rival que se mostró gris a la ofensiva.

3-    Por jugar con un hombre de más durante casi 35 minutos.

4-    Por tener a la historia y la épica de su lado en los partidos más trascendentales.

Ele mistura duas questões do jogo

2 – Jogou contra um rival fraco na ofensiva

3 – Jogou com um homem a mais por 35 minutos

com duas questões históricas

1 – Por lutar com o coração quando faltaram ideias no campo.

Sempre foi e será assim. O que muda é a variante das ideias e nunca a do coração. Uruguai, mesmo quando tem jogadores de alto nível como Schiaffino, Francescoli, Ruben Sosa, Recoba e o Forlan de 2010, ainda tem coração, ainda tem alma. As coisas não são excludentes. O preocupante, nesse time, é que faltam ideias em todo o jogo. Forlan está mal. Lodeiro e Gaston Ramírez não se firmam. Todo o jogo é criado pelos lados, com  jogadores de pouca técnica como Cebolla Rodriguez, Maxi Pereira ou com ligação direta. Vai precisar de muito mais coração.

2 – Por ter a história a seu lado nas partidas mais importantes.

Isso parece bobagem, mas não é. Imagine os jogadores da Colômbia. Que histórias ouviram quando crianças? Com quem se emocionaram em Copas? Só participaram de quatro e o que se lembra é a geração dourada de Rincón, Valderrama, Higuita, Valencia, Leonel Alvarez, Gabriel Gomez, que venceram a Argentina por 5 a 0 no Monument al de Nunez em 93 e depois fracassaram nos Mundiais. E o ótimo time do Chile, em que pensa. Em Salas e Zamorano, que perderam de 4 a 0 para o Brasil em 1998? Em Landa, Toro e Rojas, que perderam para o Brasil por 4 a 2 em 62? Ou neles mesmos que perderam para o Brasil em 2010, por 3 a 0?

Os jogadores uruguaios, não. Cresceram ouvindo sobre glórias e mais glórias. Scarone, Manco Castro, Gambeta, Ghiggia etc. É lógico que o Brasil tem muito mais glórias, mas o que fazemos com elas? Não as louvamos, consideramos as conquistas como algo natural, como uma obrigação. Qual pai já pegou seu filho para explicar que Pelé é muito mais que CR7, que Messi, que Balotelli? Que Garrincha alegrou o mundo por quase dez anos? Nada disso.

Valdivia disse ao jornalista Julio Gomes, do UOL, que "lugar de história é no museu.

Referia-se às constantes derrotas para o Brasil.

É uma frase que se adapta às necessidades chilenas, à um grupo que entrará em campo contra o maior de todos os tempos, com a história o colocando como eterno freguês.

Nunca será assim para um uruguaio. Para eles, a história entra em campo. E é difícil vencer quem tem a História ao seu lado.

Mas, se o Uruguai é um time que nunca morre, quem quase morreu foi Javier Máximo Goñi, da Radio Oriental, que narrou assim o gol de Godin

http://radioamantes.wordpress.com/2014/06/24/o-que-falta-para-ser-potencia-pergunta-javier-maximo-goni-apos-classificacao-do-uruguai/

Essa narração e muitas outras, emocionantes, estão no site www.radioamanes.com.br

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


Menon