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#137 Faltou Garrastazu Médici na convocação. E segue o mimimi da imprensa

Menon

22/07/2014 13h57

Antes de construir o post, com a ajuda do grande @rjovaneli , gostaria de deixar claro minha opinião sobre três pontos.

1) Dunga nunca foi um brucutu. Foi um grande jogador, um volante que desarmava sem faltas excessivas ou violentas e que sabia passar. Também chegava ao ataque. Está muito mais próximo de Khedira ou Schweinsteiger do que dos volantes das últimas seleções brasileiras.

2) O modo como Dunga interage com jornalistas não deve ser levado em conta na hora de analisar seu trabalho. Ou seja, se ele me chamar de cagão, eu tenho o direito de ser grosso e dizer, cagão é tu. E termina aí. Não tenho o direito de falar mal de seu trabalho porque ele é grosso. Muito pior foi Dunga ter dado uma cabeçada em Bebeto, quando os dois jogavam juntos na seleção. Isso sim é ruim.

3) Não consigo entender jornalista que dá  boas-vindas a treinador ou jogador. "Bem-vindo, Kaká?". Como assim, você é dirigente do São Paulo? "Bem-vindo, Dunga?" Como assim, você é dirigente da CBF?

Bem, vamos lá.

Gilmar disse que "não foi convidado, foi convocado. E que Dunga pensa como eu". Ora, convocação é para o Exército. Você não tem o direito de recusar. Se o fizer, há penas a cumprir. Esse tipo de jargão leva a pensarmos no tipo de grupo que se criará. Não é apenas uma ilação, é algo muito importante. O que se prenuncia é novamente um grupo de jogadores prontos a obedecer seu chefe, seu comandante, nunca a discordar, nunca a contribuir.

Em nome do grupo, não há individualismo. Se algum jogador puder contribuir tecnicamente poderá ser excluído por não se adaptar às regras do grupo. Mauricio Stycer mostrou aqui no UOL há dias que Dunga defendeu esse conceito durante a Copa.

Ter um grupo é algo constante na seleção nos últimos tempos. Em 2006, a seleção pertencia a Ronaldo, Ronaldinho e Roberto Carlos. Eram os donos, seguidos por Robinho, que fazia parte do pagode. A panela do descompromisso.

Em 2010, foi a vez dos evangélicos, puxados por Jorginho. O cara é tão fundamentalista que, quando dirigia o América-RJ quis trocar o símbolo, um diabinho, pela águia dos EUA. Cada gol era uma oferenda a Jesus. Nada contra religião. Nenhuma delas. Mas a seleção era apenas um meio de louvar Jesus. Se a cada gol, os jogadores flevantassem o punho esquerdo e fizessem louvor à alguma causa política, como  a morte aos burgueses, estaria errado também.

Em 2014, era a família Scolari, essa bobagem, de volta. Os jogadores entravam em campo para "dar alegria ao povo brasileiro". Ora, vá se catar. Se tivessem um bom posicionamento em campo, se jogassem futebol sob os conceitos modernos do esporte, a alegria viria.

Agora, vamos jogar como membros do Exército? Pela Pátria e etc?

E lá está o Gallo, que exige jogadores de cabelo curto e sem brinco na seleção olímpica. E qual é o conceito futebolístico do Gallo? Não sei. Como ele geralmente treina times que estão próximos do rebaixamento, é difícil dizer.

E lá está Zé Maria Marin, arauto da terrível ditadura militar, o homem que, com seu discurso de ódio, ajudou a causar a morte de Vladimir Herzog. O Zé das Medalhas.

Enfim, é uma seleção para os tempos de  Médici. Pena que não tenhamos mais craques como aqueles.

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


Menon