Topo

Magnano tem muito a ensinar a Bernardinho

Menon

09/09/2014 16h05

O Brasil fará uma partida duríssima contra a Sérvia nas quartas de final da Copa do Mundo de Basquete. A mesma Sérvia que venceu na primeira fase. A  mesma Sérvia que pode nos derrotar agora. Há um equilíbrio muito grande no basquete mundial, com os EUA à frente e muitas forças parelhas atrás. A Espanha parece ser uma segunda força isolada, mas, não esqueçamos, que perdeu o título europeu para a França.

O desmembramento da URSS e da Iugoslávia transformou o basquete no esporte mais equilibrado que há. Da URSS vieram a Rússia e a Lituânia, muito fortes. E também Letônia, Estônia e Ucrânia. Da Iugoslávia, vieram a Sérvia, Croácia e Eslovênia, todas presentes no Mundial. É como se o Brasil se dividisse e apresentasse várias seleções no futebol. Quer um exemplo? Dida, Daniel Alves, Dante, Aldair e Junior, Mazinho, Clodoaldo, Rivaldo, Bebeto, Vavá e Zagallo. Esse é um esboço da seleção do Nordeste de todos os tempos. Fiz assim, na hora. Deve haver muitos outros. Marinho Chagas, Júnior Baiano etc etc.

Como seria difícil para os outros países da América do Sul enfrentar uma eliminatória com nossas seleções do Sul, Sudeste e Nordeste! E o Mundial de Basquete tem 24 seleções contra 32 do futebol.

Então, apesar de favorito – está jogando muito – é possível que o Brasil perca. Por isso, é hora de louvar Rubén Magnano. O cara é campeão olímpico e isso serve como uma barreira para críticas que possa ter. É lógico que não acerta sempre, mas um campeão olímpico tem de ser ouvido. E ele nos levou à Olimpíada, quando fomos eliminados nas quartas pela Argentina.

Magnano foi perfeito ao colocar a seleção acima de tudo. Depois do vexame na Copa América, quando o time sofreu muito com desfalques, ele voltou a procurar Varejão, Splitter e Nenê, que formam um trio de pivôs de alto nível. Trouxe Leandrinho de volta. E o resultado está aí. Um time bem montado, forte e que honra a história do basquete brasileiro. Na primeira fase, venceu dois europeus, Sérvia e França, o que não se via há muito tempo.

A postura de Magnano, humilde e perfil baixo contrasta e muito com a de Bernardinho, que é considerado por muita gente como um heroi nacional, como a projeção ideal do que todo brasileiro deveria ser: um vencedor. Eu não gosto do estilo. Sempre gritando, berrando e exercendo uma autoridade que mais parece autoritarismo.

Detesto tentativas de se dividir a sociedade em vencedores e perdedores. E não gosto de vencedores assim, que fazem do exercício público da humilhação contrária uma arma. Lembram do corte de Ricardinho às vésperas do Pan-07? Era errado ter personalidade. Era errado brilhar mais que o treinador.

O vôlei não pode se comparar com o basquete. É disputado em menos países. A concorrência é muito menor.

Assim, é mais fácil vencer.

E Magnano nunca submeteu o basquete brasileiro à vergonha de entregar um jogo como Bernardinho fez com o vôlei.

Magnano se parece muito mais com Zé Roberto, tricampeão olímpico. Competentíssimos e sem marra. Sem histrionismo e humilhações. Sem entregar jogo.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Magnano tem muito a ensinar a Bernardinho - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


Menon