Portuguesa não merece uma lágrima
Menon
31/10/2014 15h29
Cada dia mais eu me convenço que, se a história do ano passado fosse de mãos trocadas, não haveria rebaixamento. Se fosse o Fluminense que houvesse escalado alguém de maneira irregular, como a Portuguesa fez com Héverton, ele não cairia. E nem é o caso de ficar louvando os dotes acadêmicos dos advogados do clube carioca.. Fossem eles simples rábulas, advogados bêbados dos livros de Jorge Amado, venceriam o caso.
Foi um caso de lesa futebol. Só trouxe descrédito à grande paixão nacional. Uma delas, na opinião de Vitor Guedes. Não foi justo.
Agora, é diferente. Enquanto a Portuguesa não terminar sua infindável auditoria interna, enquanto não expuser sua grande chaga, enquanto não colocar a público quem permitiu (sugeriu? obrigou?) a estranhíssima escalação de Héverton, não merecerá simpatia de ninguém por haver caído para a C.
As desconfianças impedem a solidariedade. Pelo menos, a minha. Gosto da Lusa e não vou aderir ao coitadismo que só apequena quem o recebe. Toda a injustiça do ano passado não avaliza a incompetência do ano corrente. Ilídio Lico diz que dormiu rico e acordou pobre, mas isso não é desculpa. Com o pouco dinheiro que restou, era possível montar um time melhor do que o que foi montado. Se você tem pouco dinheiro, como se justifica ter 50 contratações no ano, ter um elenco com 47 jogadores?
Outras equipes, com o mesmo dinheiro, talvez com menos, fizeram muito melhor.
Continuarei vendo jogos da Lusa, continuarei torcendo, mas não gosto de culpar os outros por meus erros. Se não faço isso comigo, por que vou fazer com a Portuguesa. Ilídio Lico pode e deve estar muito acima de Mané da Lupa no ranking da moral e dos bons costumes, mas quando se fala de incompetência, o páreo é duro. Ilído não queria rebaixar a Lusa. Não digo o mesmo de Mané. Mas a culpa de Ilídio não pode ser dividida com Mané.
É hora de reconhecer erros e de salgar a própria carne. Não vale culpar quem já é culpado por tanta coisa.
Ao contrário do título, a Lusa merece uma lágrima. Seus dirigentes, não. A eles, desprezo e cobranças.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.