No Morumbi vazio, Xuxa e Ben 10 superam Independente e Hino tem eco
Menon
07/11/2014 20h10
Nãããão
Já sei. Quem descobriu o Brasil foi a Xuxaaa?
Nãããão
Mesmo com portas fechadas, a "aula" do animador infantil, ecoa pelo gigante vazio. São 30 crianças no buffet infantil do Morumbi. Às 17h15 de quinta-feira, 6 de novembro, elas são maioria no Morumbi, que aguarda a entrada das equipes sub-20 de São Paulo e Bahia.
Entre os adultos que, pequenos pontos a desafiar a imensidão vermelha das cadeiras do estádio, dois grupos se destacam. O casal João e Marli, o filho Diego e a namorada Carol fazem de tudo para chamar a atenção de Jefferson, filho da irmã de João. "Alá, alá, ele é o número oito. É titular", grita Diego, apontando para o primo, atacante do Bahia.
Rafael, Mateus, Lucas, Renato e Wilson são os representantes da Independente. Gritam muito, como se houvesse mais
17h25 e mais gente chega. Garotos das categorias de base – muitos chinesinhos entre eles, por conta de acordos do São Paulo com o Shandong Luneng – e mais alguns torcedores aproveitando a gratuidade do evento. A Independente é reforçada por mais dez pessoas e até uma bandeira tricolor aparece.
Evandro, "puxado" do time profissional, é a estrela. Torcedores gritam seu nome, pedem uma goleada nos "baianos preguiçosos". O som do Hino Nacional toma conta do estádio. O eco é enorme.
A bronca na arbitragem é direta. Quando o juiz grita para um jogador do São Paulo "se continuar assim, vai levar amarelo, garoto", a resposta é imediata. "Vai dar amarelo para sua mãe", é o grito do torcedor.
O São Paulo empatou o primeiro jogo em Salvador e não joga bem. O técnico Menta grita muito, pedindo que o time avance suas linhas. Pede para o zagueiro Hugo, para os volantes Felipe Araruna e Gustavo Hebling e para o meia Mirrai. Uma curiosidade: ele chama Gustavo Hebling de "pira", mostrando que o apelido resiste à ideia de jogadores com nome e sobrenome, de preferência europeus.
Pira pisa na bola. Jefferson, muito rápido a toma, avança e define com precisão. Sai correndo e mandando beijos para sua torcida particular. Tio, tia, primo e namorada do primo balançam as mãos e aplaudem. Não recebem vaias.
Não acabou. Logo em seguida, o lateral Inácio, do São Paulo é expulso. O Bahia muda, vai em busca do empate e Mateus Reis faz pênalti. É expulso e o São Paulo fica com nove.
Ele deixa o campo chorando. Para um pouco para ver a cobrança e ouve, de perto os gritos de burro. No meio campo, olha para o goleiro Lucas Perri, que defende o pênalti. Mateus dá um urro, se vira para a torcida e manta um "vai tomar…." em alto e bom som.
A torcida não liga. Ela está gritando também. "PQP, é o melhor goleiro do Brasil, Lucas". Com 16 anos, talvez seja uma premonição.
Jefferson vai tirar fotos com a família e volta para abraçar os amigos. Deixam juntos o Morumbi. Parte dos 70 torcedores – 0,11% da lotação do estádio – já saiu. O restinho xinga e ofende.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.