Por um 2015 com mais Catuaba e menos David Luiz
Menon
29/12/2014 14h08
Em 2012, a Vila Braga completou 45 anos e Mexirica, filho de Carlos da Carolina, que também tem o apelido de Oreia, resolveu
Apesar do nome remeter ao Palmeiras (sociedade esportiva), seus fundadores eram majoritariamente corintianos e são-paulinos. Decidiu-se, então, que as cores seriam o preto e o branco e que o escudo seria uma réplica daquele que mora na camisa tricolor. Com o tempo, a Vila Braga ficou marcada por um viés mais corintiano. Sua entrada em campo sempre foi saudada por
Catuaba, ao contrário de Dirceu, é são-paulino fanático. "Sempre honrei a Vila Braga, mas agora não preciso mais usar camisa que lembra o inimigo. Sou são-paulino e só uso a do meu time", disse ao filho Leandro José, também são-paulino, mas menos radical. No Ceará, onde trabalha, muitos perguntam quem é o Catuaba que está escrito na camisa que ele usa.
A Lei Pelé, que brilhantemente terminou com a Lei do Passe, não previu o efeito colateral. Os jogadores são fatiados e grossas fatias pertencem a empresários. Para eles, não existe amor ao clube, como o de Catuaba à Vila e ao São Paulo. É comum ouvi-los dizer frases do tipo. "Está na hora do Vandercleyssson buscar novos caminhos". Como assim, se há um contrato em vigor por mais três anos. Não interessa. "Quando o jogador quer sair, não há quem segure", nos ensinou Ronaldo, o grande artilheiro. Amor? Nem pensar? Ética? O que é isso?
São modernidades, inexistentes no tempo de Catuaba. Ele e ninguém da Vila Braga aceitaria a entrada conjunta em campo, como prega o futebol moderno. Todos queriam ouvir a sua torcida, a mais vibrante, fazer a festa. Entrar junto em campo, como bailarinos. Ouvir apenas um canto da torcida, pois a ineficiência estatal impede arquibancadas divididas, ter fair-play, são coisas que não gosto no futebol de hoje. Cabe o árbitro parar o jogo, caso considere que alguém necessita de cuidados médicos. Não cabe ao jogador abandonar o gol apenas porque o adversário está caído.
Tudo isso é frescura da Fifa, que não consegue impedir o regime de semiescravidão de trabalhadores que constroem arenas (arghhhh) para a Copa do Catar. Para a mesma Fifa que não toma atitudes rígidas quanto ao racismo.
E o David Luiz, o que tem a ver com o Catuaba? Seria mercenário? Seria pior? Não, a comparação é porque Catuaba nunca fez careta. Os atacantes que enfrentava, sim. E porque Catuaba nunca cabeceou uma bola que ia para fora em direção à sua área. Nunca. É básico.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.