Raul Corrêa da Silva: "futebol não pode ser tratado como criança mimada"
Menon
12/01/2015 15h54
O blog conversou com Raul Corrêa da Silva, diretor financeiro do Corinthians. "Se um jogador foi contratado, tem de ser utilizado. Não pode ficar pedindo sempre jogadores novos, como criança mimada que sempre quer um brinquedo novo", afirmou. Leia, abaixo, partes da entrevista.
O Corinthians tem um empréstimo de R$ 400 milhões com o BNDES. A primeira parcela de R$ 100 milhões precisa ser paga em junho?
Sim, tem a dívida, mas não precisa ser paga nenhuma parcela. Não sei de onde vem esses cálculos. O empréstimo tem dois anos de carência e começa a ser pago em julho, com prestações de R$ 5 milhões. Temos outa divida de R$ 350 milhões devido a empréstimos que as construtoras tiveram de fazer. Começara a ser paga, também em R$ 5 milhões por mês a partir do final de 2016. Então, a partir de 2017, haverá um compromisso mensal de R$ 10 milhões.
E a dívida tributária?
O total é de R$ 150 milhões, incluindo um montante anterior a 2007, quando assumimos, que era de R$ 45 milhões. Pagamos cinco prestações de R$ 5 milhões cada uma e agora pagaremos o resto em 15 anos. Nosso gasto mensal é de R$ 600 mil.
E os salários atrasado?
Não existem salários atrasados no Corinthians. O que existe de atrasado é direito de imagem de jogadores.
Mas falar em direito de imagem não é uma maneira de burlar o fisco?
De jeito nenhum. Nós não fazemos isso, direito de imagem não faz parte de salário de jogador ou treinador. Só pagamos direito de imagem para quem realmente tem uma boa imagem a ser utilizada. Nosso gasto anual é de R$ 150 milhões e nosso gasto com direito de imagem é de R$ 29 milhões. Houve atrasos sim, que estamos acertando. Há atrasos com Mano. Com Tite, não há mais.
Esses atrasos é que fazem com que o Corinthians tenha dificuldades em contratar, como no caso do Dudu?
Não é isso, é uma questão de se ater ao orçamento. Há uma cena de contenção econômica no Brasil. Aliado à isso, ficamos em décimo no Brasileiro de 2013 e não tivemos arrecadação com Libertadores. Aprovou-se então um orçamento de R$ 10 milhões em atletas. É o que se pode gastar.
E há uma tendência a gastar mais?
Vou dar um exemplo. Imagine que você fez um financiamento para comprar um apartamento. Você vai pagar o apartamento ou vai ficar comprando sofás e mais sofás? O clube gastou R$ 120 milhões nos últimos três anos com jogadores. Se comprou, tem de usar. Não pode ser como criança mimada que exige brinquedo novo a toda hora. Nós temos um processo de escolha de jogadores muito bom. Sabemos até quantos suspiros o atleta dá por jogo, então, se veio tem de usar.
Com tanta sofisticação, trouxeram o Romero….
O Departamento de Futebol e a Comissão Técnica entenderam que é um bom jogador. No nosso sistema de governança, se alguém for comprar R$ 10 em clipes, precisa da assinatura do diretor financeiro. Se for gastar R$ 100 milhões em um jogador, não precisa. Desde que esteja no orçamento.
E como encarar 2015, futebolisticamente falando?
Com otimismo. Nosso elenco é ótimo, não deve nada a ninguém e pode disputar todos os títulos que disputar.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.