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Felipão e Roque Jr; mestre e pupilo com muitos problemas

Menon

16/02/2015 11h57

Sabe aquela velha história de que o campeonato gaúcho tem dois clubes apenas e um monte de coadjuvantes. Felipão está acabando com ela. O seu Grêmio, um dos "dois clubes" gaúchos está de décimo lugar no campeonato, com duas vitórias e três derrotas. Perdeu para Aimoré, Brasil de Pelotas e Veranópolis, as duas últimas em casa. O retorno do velho caudilho ao seu rincão não tem se transformado em sucesso.

A velha história da superação – o cara faz sucesso em sua casa, ganha o mundo, faz mais sucesso ainda, começa a sofrer e recebe uma oportunidade de recomeçar onde começou e volta a fazer sucesso – está sendo escrita como farsa. Sem final feliz.

Após ganhar a Copa de 2002, Scolari recusou convite da seleção para continuar. Foi ganhar a Europa. Levou Portugal ao quarto lugar no Mundial da Alemanha e ao vice-campeonato da Eurocopa. Bem, vamos falar baixinho aqui para ninguém ouvir: perdeu em casa para a Grécia. A GRÉCIA. Mas, tudo bem, foi um vice.

Em seguida, começou a queda. Foi mal no Chelsea e acabou, quem diria, no Bunyodkor, do Uzbequistão. Seu exílio foi vendido como a atitude de alguém que deseja desbravar novos continentes, vencer desafios. Como Telê, quando foi para a Arábia.

A verdade é que já não havia mercado na Europa. E voltou ao Brasil. A um de seus portos seguros, o grande Palmeiras onde havia tido passagem gloriosa. O campeão da Libertadores venceu a Copa do Brasil, mas foi mal em outros campeonatos. E foi demitido em 2012 porque a queda para a segunda divisão se aproximava a galope.

Veio então o convite para a seleção brasileira, seu porto seguro mais importante. Ali, fora campeão mundial. Ali, foi campeão da Copa das Confederações. E ali sofreu a maior derrota do maior futebol do mundo. Foi o ápice de uma campanha ruim. Vitória com pênalti inexistente contra a Croácia, empate com o México, classificação nos pênaltis contra o Chile.

O time ia mal em campo e Scolari recorria a velhas artimanhas: a imprensa não deveria dizer que não houve pênalti em Fred, temos de nos unir contra os estrangeiros etc etc. Nada disso existe mais. E escalou um time aberto, com o Bernard "alegria nas pernas" mais preso que navio ancorado em porto raso. O maior vexame veio, porém, após os 7 a 1. Scolari, que recusou a seleção após o título de 2002, fez de tudo para ficar após o vexame de 2014. Não teve a altivez de pedir demissão.

Ferido em seu orgulho, recebeu a oferta do Grêmio. Aceitou na hora. Estava precisando de carinho, disse. Teve bons resultados, mas caiu muito no final do Brasileiro. Viu o grande rival se classificar para a Libertadores e agora sofre com o desmanche do time.

Haverá tempo de recuperação? Se não houver, o velho comandante terá de buscar aventura e desafios. Não há mais porto seguro para ele.

Roque Jr. sempre foi elogiado por Scolari. Como jogador – e foi um grande zagueiro, com uma fina contra a Alemanha irrepreensível – e como técnico mesmo sem ainda ser técnico. Scolari disse que ele seria ótimo treinador. Ele foi escolhido como um dos "espiões" da seleção, ao lado de Gallo.

A estreia de Roque Jr. como treinador foi cercada de expectativas. Assumiu o XV de Piracicaba e um bom campeonato com certeza o levaria para um time maior, poderia dirigir na Série B ou quem sabe na A.

Foram quatro derrotas em quatro jogos. Na quarta-feira de cinzas enfrenta o Red Bull fora de casa. Se perder uma vez mais, seu fim estará decretado. Seu cargo só foi mantido porque o presidente Rodrigo Boaventura foi contra a opinião de "99,9% da diretoria", como diz Renato Bonfiglio, diretor de futebol, ao Jornal de Piracicaba.

É um início de 2015 muito ruim para mentor e discípulo.

 

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


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