Luxemburgo? Eurico? Pega, mata, esfola....
Menon
23/06/2015 15h07
A trilogia de Lira Neto sobre Getúlio Vargas é monumental. Conta a vida do presidente, sem ódio e sem adulação, e traça um painel da política brasileira do final dos Oitocentos até o início dos 900. Pelo menos é assim, nas 200 primeiras páginas do primeiro livro. São três volumes de 600 páginas.
O senador Pinheiro Machado está no livro. Com grande influência no governo de Hermes da Fonseca, tornou-se o depositário de todo o ódio dos adversários quando Wenceslau Brás assumiu a presidência. Em um ato público no Rio, Pinheiro Machado quase foi linchado. A ordem que deu ao seu motorista para sair do meio da turba tornou-se um clássico da sagacidade do político brasileiro. "Nem tão devagar, que pareça afronta, nem tão depressa que pareça medo".
Era necessário terminar com Pinheiro Machado, o pior dos brasileiros.
O deputado José Gonçalves Maia, de Pernambuco, expressou essa aversão, sugerindo em uma entrevista, o envio de um PL ao Congresso, com sucinta e truculenta redação.
Artigo 1º – Fica extinto o senhor Pinheiro Machado;
Artigo 2º – Revogam-se as disposições em contrário.
Pinheiro Machado foi assassinado em 8 de setembro de 1915, aos 64 anos.
Quando falamos de esporte, um século após, vejo tanta intransigência apenas em relação a dois homens: Vanderlei Luxemburgo e Eurico Miranda. Vende-se a panaceia de que o futebol brasileiro estaria bem melhor sem os dois. Estaria salvo. A Eurico, imputam o epíteto de "câncer do futebol brasileiro".
Quanto a Luxemburgo, é fundamental que ele não arrume emprego. Vejamos um caso recente.
1) Luxemburgo, depois de um bom trabalho, em 2014, estava muito mal no Flamengo. O time não reagia. Nada indicava que iria reagir com a manutenção do treinador.
2) Marcelo Oliveira, depois de dois anos ótimos, estava muito mal no Cruzeiro. O time não reagia. Nada indicava que iria reagir com a manutenção do treinador.
Os dois clubes recorreram à demissão dos treinadores.
A "intelligentsia" brasileira considerou a demissão de Marcelo um crime lesa-futebol. E a demissão de Luxembugo, um ato divino. A salvação da lavoura.
E o Cruzeiro de Luxemburgo está melhor que o Cruzeiro de Marcelo. E o Flamengo de Cristóvão está tão ruim como o Flamengo de Luxemburgo.
Amigos, eu sei que Luxemburgo não é mais o técnico que foi. Seus dias de glória já vão longe. Há tempos não faz um trabalho que se guarde na memória. Mas não é o culpado de tudo. Sua demissão não salva. Sua contratação não afunda. E ele merece o mesmo tratamento de tantos outros. Osorio, por exemplo. Eu escrevi que o treinador errou contra o Avaí. Minha crítica foi tratada como um incentivo à falta de inovação, como um basta aos novos tempos. Osorio é "incriticável"? Não erra?
Eurico, bem Eurico nada acrescenta ao futebol brasileiro. Mas não pode ser tratado como se fosse a única coisa errada. Basta ver o que ocorreu com o Vasco em sua ausência.
Pensar que o afastamento de Luxa e Eurico vai salvar o Brasil, é esquecer de milhares de outros…..
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.