Corinthians e mais um título muito especial
Menon
20/11/2015 18h07
O quadrangular realizado pela ABDEM – Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais – foi uma maneira de satisfazer os jogadores que se preparavam para o campeonato brasileiro, que teria 12 equipes de São Paulo, Minas, Rio e Paraná. "Estava tudo certo, mas o governo do estado não liberou a verba que estava prometida", diz Cleiton Maurício Monteiro, do departamento técnico da associação. A verba negada era de R$ 340 mil.
Os jogos são realizados em ritmo muito rápido, há alguns choques, mas nada de violência. Jorge, o líbero da Portuguesa, que não perde uma dividida, deu entrada forte em Mateus, atacante do Santos, que tem o cabelo pintado de loiro. Jorge se ajoelhou, fez carinho no amigo e depois o ajudou a levantar. Um abraço corou a demonstração explícita de fair-play,
"Apito jogos deles e nunca tive problemas. Todos aceitam. Uma vez, fiz uma coisa errada e nem assim houve reclamação", diz Romildo Correa, ex-arbitro da FPF.
Juan tem 26 anos e foi o artilheiro da competição. Ele nega, de pés juntos, que tenha fugido de casa. Pede o auxílio do pai, Agostinho Meireles, o senhor Picanha, especializado em churrasco. "Foi uma fugidinha só, Juan, não tem problema". Então, o craque confessa: "Mas era rap, não era funk".
Ele é apaixonado por rap. O pai sempre o leva para os bailes e ele conta que já subiu duas vezes no palco onde estava Mano Brown, dos Racionais.
Juan, você gostaria de participar da Paralimpíada?
É no Rio, não é? Então eu quero. Eu adoro o Rio, lá tem praia, mulher, sol e carro bonito
Os portadores da Síndrome de Down não participam da Paralimpíada. Não têm deficiência física, apenas intelectual. Mas há uma competição especial para eles, a Special Olympics. Em 2011, Juan fez parte da equipe campeã, na Grécia.
Romário acompanhou a delegação e ficou amigo de Juan. "A namorada do Romário também, ela queria me levar para o Rio, mas eu não fui não".
Rafael, você gostaria de fazer um gol cobrando faltas?
Gostaria, mas é muito difícil. Só o Rogério consegue.
Todos se acham campeões.
Todos estão certos.
Há apenas duas exeções: Caio, que abraça e beija a namorada. E Davi, da Portuguesa, triste em um canto e que se recusa a receber medalha. "A gente perdeu, não merece medalha, não".
Merece, sim, Davi
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.