San Lorenzo, campeão do ano. Universal, por voltar à sua aldeia
Menon
30/12/2015 10h07
Barcelona e Real Madrid já deixaram a Espanha há tempos. Já ultrapassaram a Europa. São clubes de futebol, são marcas esportivas que tomaram conta do mundo. Há garotos usando seus uniformes em Potosí e Kiev. Em Nova York e Aguaí. São do mundo e, se houver descoberta de novos planetas, serão os primeiros a chegar.
O San Lorenzo, não. É de bairro. De Boedo, que antes pertencia a Almagro. Então, o San Lorenzo de Almagro, na verdade, sempre foi de Boedo. Desde 1908, quando foi criado. E foi ali, em Boedo, que, em 1916, construiu seu estádio. O Gasômetro, por ter formato parecido aos depósitos de gás, que existiam na época.
Os corvos, torcedores do San Lorenzo, ficaram ao léu. Sem casa, sem referência. O clube passou a mandar jogos em campos rivais. Até 1993, quando inaugurou seu novo estádio, o Pedro Bidegain. Logicamente, o nome não pegou. A saudade era imensa e o estádio passou a ser o Novo Gasômetro. É um estádio muito bom, com capacidade para 44 mil pessoas, agradável, bonito e limpo.
Em 2012, 110 mil torcedores tomaram contra da Plaza de Mayo. Exigiam a aplicação da Lei de Reconstituição Histórica para o Velho Gasômetro. No Congresso, conseguiram vitória história por 50 a zero. E a pressão sobre governo e Carrefour foi enorme.
No final de ano, véspera de Natal – poderia ser diferente para um time que tem o Papa como torcedor? – foi feito um acordo. O Carrefour vende o terreno ao San Lorenzo e terá direito a uma pequena loja no local.
A corrente continua. O San Lorenzo precisa de 110 milhões de pesos (R$ 33 milhões)para assinar o boleto de compra. Já tem 67 milhões (R$ 19,9 milhões).
Uma loucura. Com certeza, uma loucura. Por que não ficar em Bajo Flores, com seu belo estádio e montar um belo time de futebol? Ou, então, aumentar a estrutura física? Criar um centro de formação de jogadores?
Tudo isso é correto. Mas, o futebol se move por loucuras. Por amor, por ideal. O futebol é o terreno ideal para Dons Quixotes.
O San Lorenzo, por amor ao bairro, por cantar sua aldeia, tornou-se universal.
PS – Esta nota foi criada a partir de informações de Leandro Stein e Bruno Bonsanti, ambos da www.trivela.com.br
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.