Zidane, gênio atormentado, tem minha torcida e agradecimento
Menon
04/01/2016 17h36
Zinédine Yazid Zidane é o novo treinador do Real Madrid. Vou torcer muito para que ele tenha
sucesso enorme na carreira. E, que tenha ao menos, a metade do brilho que alcançou como jogador. O sucesso fará bem a ele. O brilho, fará bem a nós todos, que gostamos de futebol.
É necessário agradecer sempre aos gênios da bola. Eles nos dão tudo, merecem o reconhecimento dos pobres e terrenos mortais.
Agradeço a Zidane por me permitir ver a maior atuação individual de um jogador de futebol. Ao vivo, pertinho. Foi na Alemanha em 2006. Eu cobria a Argentina, pelo consórcio Estadão-Jornal da Tarde. Estava em Berlim e vi a Argentina ser eliminada pela Alemanha. Fiz o material da eliminação, me despedi dos amigos e tomei o ônibus para Munique.
Ali, no dia seguinte, o Brasil enfrentaria a França. A França de Zidane. Mesmo assim, estava confiante. Imaginava um pacote muito agradável: o Brasil eliminaria a França e eu veria a última partida do argelino que encantava o mundo com a camisa da França.
A viagem, às pressas, valeu a pena, mesmo com o pacote furado. O Brasil não se classificou. E não foi a última partida de Zidane.
Foi, ao contrário, uma partida belíssima. Tomou conta do jogo, correu muito, distribuiu passes, deu chapéus e comandou a vitória com gol de Henry. No intervalo do jogo, algo me irritou muito. Cicinho e Robinho, reservas do Brasil, e novos companheiros de Zidane no Real Madrid, correram até ele e ficaram conversando. Pareciam poodles abanando o rabino para o novo dano. Zidane os tratou friamente e foi para o vestiário.
Como ganhar um jogo se você idolatra o rival?
Mas, penso hoje, como não idolatrar Zidane?
Ele seguiu na Copa e chegou à final, contra a Itália. Logo no começo, Zidane cobrou um pênalti ao estilo Djalminha, a palomita, que voou mansamente, bateu no travessão e se transformou no primeiro gol do jogo.
Só um maluco cobra um penalti assim em uma final de Copa?
Só um gênio.
Então, se for verdade, o gênio trocou a glória pela vingança da honra. A racionalidade deu lugar ao ódio. E os preconceituosos disseram que o argelino tomou conta do francês.
Um gênio conturbado.
Pensemos no que viveu o imigrante argelino. Teria sido tranquila a sua inserção cultural em outro país, em outro mundo?
Agora, eu espero pelo melhor.
Zidane é gênio. Que seja genial.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.