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Lucas Lima e a indigência mental do jogador brasileiro

Menon

02/03/2016 14h40

Vamos dar uma analisada sobre o caso Ricardo Oliveira/Santos/Lucas Lima

1) Depois de cinco anos nos Emirados Árabes (137 jogos e 96 gols marcados pelo Al Jazira e Al Wasb) o ex-jogador de Milan, Valencia, Inter, São Paulo e Santos resolveu voltar ao Brasil.

2) Os 35 anos falaram mais alto do que seu ótimo currículo.

3) Fez um contrato de R$ 40 mil com o Santos.

4) Foi um contrato de risco para os dois lados. Se jogasse mal, o Santos perderia pouco. Se jogasse bem, Ricardo ganharia muito com um novo contrato.

5) O Santos não acolheu Ricardo Oliveira porque é um clube bonzinho. Ricardo Oliveira não aceitou ganhar pouco porque adora o pastel da Eliete no Canal Era um risco duplo. Algo que o passado do jogador não merecia.

6) Deu tudo certo para os dois lados. Ricardo mostrou-se novamente um artilheiro letal. Virou ídolo da torcida. Assinou um novo contrato. Tão bom que não foi divulgado.

7) Um bom contrato pressupõe uma boa multa. É a garantia dos clubes.

8) Os chineses quiseram levar Ricardo Oliveira.

9) Acertaram um contrato salarial muito bom com o jogador e mandaram que ele se conversasse com o clube. Não queriam pagar nada ao Santos.

1o) Ricardo usou o argumento da "independência financeira" que é uma falácia. Qualquer jogador da base ganha R$ 10 mil, tem luvas e passa férias em Punta Cana. Sem nunca haver estreado. Se atuar por 15 anos profissionalmente, a R$ 10 mil mensais, terá recebido, ao final da carreira um total de R$ 1,8 milhão (sem contar 13º). Ou seja, ganhou uma vez na Mega Sena. Se poupou R$ 2 mil por mês, terá R$ 390 mil de aposentadoria, sem contar juros e correção monetária. Isso é independência financeira. Estamos falando de um hipotético jogador medíocre, que não teve sucesso na carreira.

11) Ricardo Oliveira já tem sua independência financeira há muito tempo. O que ele teria agora, é uma vida de nababo, de sheik. Ganharia por mês o que aquele jogador hipotético do meu exemplo ganharia na vida. Seria um milionário e teria garantido a independência financeira de seus filhos, netos e bisnetos.

12) E o que tem de errado nisso? Nada. Absolutamente nada.

13) O Santos, que já teve Pelé, Coutinho e Neymar, chegou a uma conclusão, que eu não sei bem qual é. Das duas uma. 1) Não pode viver sem Ricardo Oliveira. 2) Não pode conseguir um substituto sem receber os 12 milhões de euros da multa. Multa que é grande apenas porque Ricardo Oliveira recebeu um belo aumento de salários. Belo e merecido.

14) Os chineses, ao verem que não conseguiriam o jogador de graça, ofereceram 1/3 da multa. O Santos não quis. Ofereceram metade. O Santos não quis. Ricardo Oliveira prometeu pagar R$ 500 mil por mês. O Santos não quis.

15) Eu teria aceitado. Mas o presidente Modesto preferiu apostar na emoção, na luta por títulos do que em dinheiro em caixa. Foi mais torcedor do que gerente? Um inocente? Foi alguém que resolveu enfrentar os chineses? Um herói.

16) São muitas variáveis. Não conhecemos todas. Cada um que tenha sua opinião. Ou que faça como Glória Pires. O único que se sabe é que O SANTOS SEGUIU A LEI. SEGUIU O CONTRATO.

17) Ricardo Oliveira soltou um comunicado dizendo que será honesto e se dedicará até o final do contrato. No final, um trecho da Bíblia. Ora, ninguém precisa ser cristão ou usar sua fé para garantir que é honesto. Seja e pronto.

18) Lucas Lima foi perguntado sobre o assunto. Assunto com muitas variáveis e nuances, como vimos.

19) Sua opinião foi simples: Ricardo Oliveira merece um aumento.

20) Nenhuma palavra sobre calendário, sobre janela, sobre a idade do amigo, sobre a ética chinesa, sobre a "escravidão" que a multa proporciona, sobre a CLT ou direitos de imagem.

21) Nada. Apenas desnudou o pensamento da maioria dos jogadores: me dá um dinheiro aí, um caraminguá, me dá um agrado, quem sabe uma dúzia de pães de cará, uma bike, um púlpito, qualquer coisa. Me dá um motivo para que eu continue sem pensar sobre nada.

22) Se não der, não sei não. Pode pintar um bico, uma indisposição, uma depressão…Afinal, seria a "independência financeira" do Ricardo Oliveira.

 

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


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