Tite promete o que não temos há décadas. Tomara que não seja refém da RGT
Menon
20/06/2016 18h48
Para Nelson Rodrigues, Didi era o Príncipe Etíope. E Tite tem cara de Imperador Inca. Não sei se parece mais com Huayna Capac
Transparência. Excelência. Modernidade. Democratização.
É o que gostaríamos que houvesse no comando da CBF, uma entidade dirigida por pessoas suspeitas pelo menos desde 1956 quando ainda se chamava CBD e caiu nas garras de Jean Marie Faustin Goedefroed Havelange. Tite não poderá fazer nada nessa área, apesar de haver pedido a renúncia de Marco Polo "El Guapo" del Nero em dezembro.
Fiquemos com o campo, então.
Excelência – Depois de Dunga, temos um treinador que amassou barro. Que trilhou o caminho das pedras, pouco a pouco. O cargo não caiu em seu colo uma vez.. E nem duas. Estudou, tem currículo, fez de tudo para se aprimorar. É o melhor que temos para assumir o cargo. Algo tão básico, tão normal e que não era colocado em prática.
Modernidade – Tite comandou no Corinthians um grupo de análise de desempenho que ajudou muito a definir contratações. O jogador é mapeado, suas qualidades e defeitos são bem estudadas. É lógico que não funciona sempre, basta ver a contratação daquele colombiano que fazia muito sucesso na Índia, mas é um avanço em relação a aleatoriedade que se tinha até então.
Transparência – Como se chama mesmo aquele lateral esquerdo que foi convocado por Dunga após cinco ou seis jogos como profissional? Pois, é, isso não vai ter mais. Não há um ex-agente de jogadores no comando da seleção.
Democratização – Tite prometeu conversar com outros treinadores para troca de informações. Avançará muito nessa questão se tiver conversas sérias com bons jogadores que estavam sendo colocados de lado. Ver o que estava errado. Talvez Dunga estivesse certo em relação a Marcelo, não se sabe. Mas a principal democratização que Tite precisa fazer é no trato com a imprensa. Ele é empregado da CBF e não da RGT. Não pode ficar buscando a aprovação de Galvão Bueno para tudo. Não deve ficar pulando do Luciando Huck para o Faustão. A cobertura jornalística da seleção precisa ser democratizada.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.