Bauza deixa obra inacabada: time perde com dignidade, mas não vence
Menon
01/08/2016 21h09
Edgardo Bauza é um treinador competente. Tem currículo de vencedor. E está certo em trocar o São Paulo pela seleção argentina. É a seleção de seu país e uma das melhores do mundo. Difícil recusar um convite assim, mesmo tendo dado entrevistas dizendo que não sairia e que gostaria de renovar contrato.
Sua passagem pelo São Paulo não foi boa. Os números são péssimos. 18 vitórias, 13 empates e 17 derrotas. Menos de 50% de aproveitamento. Por que então deixa uma legião de admiradores. Pessoas que entendem de futebol e fazem de tudo para justificar o que Bauza fez.
Dizem que ele perdeu Calleri e Ganso. Verdade. E antes?
Dizem que houve contusões? Sim. E quem não teve de lidar com isso.
Dizem que foi mal no Paulista porque era início de trabalho. Dizem que foi mal no Brasileiro porque o time foi reconstruído. Nada que justifique números tão ruins.
Ah, e houve a Libertadores.
Bauza levou o time à semifinal. Muito importante. Ficou à frente de equipes com maior investimento – Palmeiras, por exemplo – e isso também é importante.
Mas, e o futebol?
O São Paulo mostrou um futebol de luta, mas tosco. Poucas partidas boas. Poucas jogadas. E tudo isso era visto como mérito de Bauza. "Ele ganhou duas Libertadores perdendo fora de casa. É o estilo". Ora, que estilo péssimo. O que é feio, vira mérito.
Agora, a última novidade é dizer que Bauza mudou o estilo do clube. Deixou de ser banana para ser guerreiro. É um time que não aceita mais perder. Ora, também é importante. Mas é preciso ganhar.
Um time grande não pode se limitar a vender caro a derrota, a ter caráter, a lutar em campo. Tudo é bom. Mas precisa vencer.
Bauza é amado porque fez o São Paulo ser derrotado com dignidade.
Ora, é muito pouco.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.