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Tite: "Não existe ídolo sem base familiar". E Neymar? É ídolo?

Menon

27/08/2016 09h37

A "revistausp", editada trimestralmente pela Superintendência de Comunicação Social da Universidade de São Paulo, trouxe em sua edição 99, de agosto/setembro/outubro de 2013, totalmente dedicada ao futebol, um artigo de Tite, chamado "Formação e gênese do ídolo", em que ele aponta a base familiar como fator preponderante e fundamental na formação de um ídolo.

Tite é um ídolo. Alguns jogadores são ídolos. Mas Neymar é O ídolo. Uma personalidade mundial. Um craque. Um milionário. Então, a cada parágrafo escrito por Tite, eu remetia a Neymar. Leiam e vejam se há uma compatibilidade aí.

"Vou contar uma história familiar que ilustrará aquilo que considero a melhor do que qualquer explicação para aquilo que identifico e diferencio como idolatria e referência. Certa vez, meu filho Matheus, ainda criança, me disse que tinha o jogador X como ídolo e que queria ser igual a ele. (…..) educadamente, fiz questão de lhe explicar aquilo que considero uma grande diferença entre o ídolo e aquele que você pode admirar dentro de campo exclusivamente pelos seus resultados nos gramados.

Mais do que o desempenho esportivo, um ídolo se forma pela maneira com que conduz também sua vida pessoal. O ídolo vira referência para pessoas que seguirão suas atitudes, seu modo de agir, de se vestir e de se comportar em sociedade. E, por isso, essa pessoa deve se preocupar, sim, com sua conduta pessoal, tanto quanto com seus resultados técnicos.

Ídolos de verdade quase sempre viram eternos ou, se não ficam para o resto da vida, ocupam um espaço no coração das pessoas, e isso deve ser tratado com muita seriedade, por aquele que recebe o rótulo.

(……)

Porém nada disso vai funcionar se o ídolo não tiver talvez o mais importante na construção desta idolatria: a base familiar. O maior de todos os exemplos vem de dentro de casa. Os bons exemplos serão seguidos nos momentos de maior dificuldade. A referência do pai, da mãe, dos irmãos, dos avós forma o caráter da pessoa.  É no exemplo da relação dos familiares com os membros da sociedade que se solidificará o modo como aquele ser humano irá reagir em todas as situações em que for submetido.

Não se pode dissociar o caráter da profissão. É impossível uma pessoa se enganar ou enganar os outros o tempo inteiro. A maneira como se comporta no trabalho é reflexo do tipo de ser humano que ele é. (…..) Desvios de caráter não formam ídolos. (…) Muitas vezes, basta apenas o que o esportista faz dentro de campo ou da quadra para que ele ganhe destaque. A diferença é que ele dificilmente se transformará em ídolo se não tiver uma base que o sustente".

Muito bom o texto do Tite, concordemos ou não.

Matheus, seu filho, tem 27 anos. Então, ele não se referia a Neymar, quando, ainda criança, disse ao pai que havia escolhido um jogador X como ídolo. Neymar não é o jogador X. Claríssimo.

Mas vejamos o que Tite disse de Neymar em 19/8/2012.

Após derrota, Tite critica Neymar e diz que atacante é mau exemplo para os jovens

Do UOL, em São Paulo

Irritado com a derrota para o Santos na Vila Belmiro (3 a 2), o técnico Tite criticou o atacante Neymar, o principal nome da partida. O treinador corintiano reclamou de um pisão que o santista teria dado no lateral Guilherme Andrade, seu marcador no clássico.

"O Guilherme foi pisado por ele. Quantos jogos nós fizemos contra eles e que nível de lealdade teve o Corinthians?", questionou Tite, que também criticou supostas simulações do craque santista.

"No jogo da [semifinal da] Libertadores, o Emerson deu um carrinho imprudente e foi expulso. O Neymar caiu e rolou. Depois, ele levantou e já estava bom. Perder ou ganhar é do jogo. Simular uma situação para levar vantagem não é. É mau exemplo para o garoto que está crescendo, para o meu filho. Tem de dar um chega", afirmou o treinador corintiano.

Enfim, não me parece que Neymar seja o tipo de ídolo idealizado por Tite. Sem falar em base familiar, apenas por seus atos. E Neymar não será o capitão de Tite, o que mostra um distanciamento. Mesmo que a ideia tenha sido do jogador.

Tite, que é muito inteligente, saberá contornar as divergências que tem com o grande ídolo da seleção?

Seria ótimo. Para Tite. Para Neymar. Para a seleção.

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


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