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Saída do Trajano me deixa órfão

Menon

30/09/2016 15h04

Amigos, vou fazer uma confissão. Eu não sou fanático por mesa redonda. Me lembro de uma música do Caetano Veloso; "o Sol na banca de revistas, quem lê tanta notícia..?". O Sol era uma revista do rio dos anos 60. O autor sente uma certa preguiça diante de tanta noticia. É o que eu sinto com mesa redonda. Me cansa a grande quantidade de opções. A enorme quantidade de colegas discutindo sobre centímetros de impedimento, sobre agarrões e pulos, sobre táticas e subtáticas…Agora, por exemplo, na televisão está ligada e o Casagrande está falando sobre o Cristóvão. Ainda….

Só vejo a mesa redonda do Trajano. O Juca, o Mauro Cézar, o Arnaldo, o Bertozzi, o Tirone, o William e o Andrade que me desculpem, mas, para mim, é a mesa redonda do Trajano. Para mim, sem nenhum exagero, é uma aula semanal de jornalismo e de cidadania. O Trajano pode não entender de futebol, com sua nova nomenclatura vinda da academia, mas entende o futebol. O futebol como algo muito maior do que 11×11 em um retângulo verde. Entende o futebol como paixão do povo brasileiro, como fator de integração e de representação do que somos, nós os brasileiros.

Trajano, além disso, é um grande contador de causos. Traz o futebol antigo à nossa mesa. E seu amor ao Ameriquinha é um ato de resistência. Chico Anysio, o gênio, era América e virou Vasco. Trajano é rubro e rubro será.

A ESPN, ao abrir mão do Trajano, abre mão de uma série de telespectadores que aprenderam a ver na emissora um bastião contra as irregularidades do futebol brasileiro. É lógico que continuam pessoas de alto nível e que praticam o mesmo bom jornalismo, mas Trajano, sem dúvida é o símbolo do que Juca, Mauro Cezar e outros fazem. Foi ele que apostou em um jornalismo de alto nível, com Histórias do Esporte e o Brasil da Copa do Brasil. O Brasil, via futebol, na nossa sala. Nunca entendi a saída destes programas, além do Lúcio de Castro e o Loucos por Futebol.

Não sei o motivo da dispensa do Trajano. Dizem que ele criticou, no ar, a produção de um programa da casa, que levou Danilo Gentile ao canal. Se foi por isso, temos a tática do tiro no pé. Vamos matar um pernilongo com um tiro de canhão.

A ESPN, cada vez mais, é um canal que tem um programa só, com muitos cenários diferentes. BBBBBBB. Gente falando de futebol e só futebol. Futebol no campo. Só isso. Vou sentir muita saudade de Ze Trajano. O mundo de hoje está mais para outro Ze, Joseph. McCarthy.

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


Menon