Paulo Nobre é moderno como uma pinup enrugada
Menon
17/10/2016 11h12
O palmeirense Turco Simão me mandou um whatts ontem. Ele é um amigo das antigas, juntamente com o corintiano Pelado Lopes. Há tempos, os três não saímos juntos. E não sairemos mais, devido a sérias divergências políticas. Quem sabe um dia, com a volta da Democracia.
Mas deixemos a política de lado. Turco Simão é mercurial. Ele defende amigos e pontos de vista à morte. Quando é do Palmeiras, então. Tudo é do bom e do melhor, como uma pizza margherita do Speranza.
Ele discordou de uma outra postagem em que saudei Paulo Nobre, Siemsem e Bandeira como os três patetas. Ele argumenta que Paulo Nobre é "o mais moderno dos dirigentes dos clubes do Brasil". Alguém que rompeu com as organizadas, que administra o clube com seriedade e é um torcedor que colabora com o clube.
Mas o que há de moderno na gestão Nobre? Ele recorreu a uma entrevista coletiva para palpitar no erro do jogo Flamengo x Fluminense, que ajudou o Flamengo. Uma coisa extemporânea, porque, ele mesmo reconheceu, Henrique estava impedido. Ele gritou e esperneou por conta da tal interferência externa. E não limitou suas críticas ao árbitro. Falou em "mão grande" sem nada provar. Comportou-se como Levir "campeonato manchado" Culpi. Que modernidade há ali? Eurico não faria pior.
Nobre recorreu à velha tática da pressão. Reclamo muito aqui para ter a compensação ali. E ela veio no próximo jogo. Paulo Nobre também é personalista ao extremo. E muito pior que cartolas antigos. Nunca vi os velhos levantarem taça de campeão. Uma modernidade trazida por Paulo Nobre e outros.
É favorável à tese da torcida única, algo que eu considero um veneno para o futebol brasileiro. Ele considera o estádio a "sua casa", o "seu brinquedo" e não quer ninguém por ali. Nobre foi importante para o Palmeiras na discussão contra a W Torre, em que o clube saiu amplamente vitorioso em uma arbitragem.
Mas ser bom para o clube não significa ser moderno. Há modernidade em emprestar parte de sua fortuna ao clube? É um mecenato, mesmo com um contrato pétreo que determina como e quando o Palmeiras pagará. Ajudar o clube com seu dinheiro pode ser moderno para quem não ouviu falar em Romeu Ítalo Rípoli.
A verdade é que não gosto de cartola. Não gosto da "modernidade" de hoje em que se discute qual é o melhor presidente, quem é o melhor CEO. Nem sabia o que é isso, aprendi há pouco. Não vejo nada de bom em ninguém. Sempre desconfio. E me recuso a torcer por cartola, para mim são o que há de pior em nosso futebol.
Já falei muito bem de Andrés Sanchez. E, aqui e agora, me penitencio. E, mesmo assim, acho que ele fez mais para o Corinthians do que Paulo Nobre para o Palmeiras. E foi mais moderno, ao mudar o estatuto do clube.
Minha mágoa com presidentes de clubes grandes como Paulo Nobre e TODOS os outros é que aceitam ser capachos de Reinaldo Carneiro de Bastos e de Marco Polo del Nero. Não se colocam contra a direção do futebol brasileiro, não falam nada sobre a corrupção na CBF, não lutam por um calendário melhor, não se unem, não se revoltam. Ficam à mercê da RGGT, que tem o dinheiro. E olha que nem todos são milionários como Paulo Nobre.
Para mim, todos são ultrapassados, todos são maléficos ao nosso futebol, mesmo quando dirigem bem o seu clube.
Paulo Nobre é moderno como uma pin up enrugada.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.