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Só resenha não adianta, Luxemburgo

Menon

31/10/2016 09h30


Vanderlei Luxemburgo esteve no Resenha, ótimo programa da ESPN. Mais uma etapa do périplo midiático que busca tirá-lo da triste estatística que revela a tragédia nacional: 12 milhões de desempregados.

"Você ainda vai ver Luxemburgo ganhando muita coisa em um grande clube do Brasil", disse, evidentemente embaraçado, a um internauta que sugeriu um recomeço em clube menor, talvez o Bragantino.

Luxemburgo erra em um ponto chave. Básico. Seu futuro depende de seu presente e não de seu passado glorioso. Entre os seus – Zé Elias, Djalminha e Alex são gratos aos ensinamentos do tempo em que trabalharam juntos – , o professor lembrou de casos antigos e voltou a dizer a frase que tem muito de verdade e mais ainda de arrogância: "tudo que tem de moderno no futebol brasileiro, foi criado por mim".

Para o possível novo empregador, isso não tem valor algum, mesmo que verdadeiro. A única reação que causa é: "como vou aguentar uma mala dessas?". E as lembranças gloriosas soam muito mais como lembranças do que projeções. Luxemburgo soa como um velhinho orgulhoso de suas realizações. Como tantos outros que fizeram muito menos do que ele.

Luxemburgo precisa olhar um pouco para o passado. Telê Santana, que ele estava superando, morreu. Nelsinho Batista, seu primeiro rival, está há anos no Japao. Quem brilha agora é seu filho. Cuca, que era jogador em 93, quando Luxemburgo montou o grande Palmeiras, agora é o futuro campeão brasileiro.

Não adianta dizer que foi bom. Não adianta relembrar que foi bom. Não adianta comprovar que foi bom. Luxemburgo precisa dizer e mostrar que ainda pode ser bom, que ainda é ótimo.

Podia começar a se expor menos. Fazer um discurso mais contido. Quem sabe contratar um mídia training como o de Mano Menezes ou de Tite. São chatos demais, mas não se desgastam.

Não adianta ser agressivo. Ao responder se a dificuldade de falar inglês atrapalha a carreira internacional dos treinadores brasileiros, ele irritou-se muito no Bem, Amigos. Disse que é um problema do Brasil, que a população é pobre e não é poliglota. Nem os jornalistas. Uma análise sociológica perfeita, mas…quanto ganha Luxemburgo? Ele pode fazer um curso caríssimo. Como Mano já fazia em 2008.

Em vez de dizer – como Maluf dizia – que tudo o que existe é obra sua, Luxemburgo poderia dizer o que poderia trazer de novidade. Como enfrentar o aburrido 4-2-3-1, por exemplo, praticado por 90% dos clubes brasileiros. Mostrar ideias novas para as categorias de base, algum tipo de treinamento para goleiros, que não mais encaixam uma bola, limitando-se a soca-la como se fossem Maguilas.

Luxemburgo tem ideias novas para o futebol brasileiro? Elas são brilhantes como aquelas dos anos 90? Como ele as implantaria?

Enfim, o melhor treinador que eu vi, precisa mostrar-se humilde e pronto para recomeçar. Por que não com um projeto detalhado, profundo, sem basear-se apenas no passado.

O passado não pode ser o aval para o futuro. Não, em seu caso. Ou, usando o estilo demonstrado no Resenha, não basta apenas ter a pica reta.

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


Menon