Felipe Melo é pitbull sem violência.
Menon
21/03/2017 15h01
Desde a chegada, assumiu um discurso belicoso, exemplificado, por exemplo, na frase "vou bater na cara de uruguaio" e outras tonterias do tipo. Passa a mensagem do aguerrimento, que pode ser confundido com violência. Aliás, dizer que vai bater na cara de alguém é violência. Não tem outro adjetivo.
Este é o falastrão. Mas, como ele tem se comportado em campo?
Felipe Melo tem sido um jogador importante. Um combatente à frente de sua área, capaz de bons passes. E alguns lançamentos que surpreendem as defesas rivais. E sua missão de defender a defesa tem sido feita de uma maneira muito diferente do que o seu discurso faz supor. Melo tem jogado duro, tem disputado muitas jogadas e dado carrinhos. Sem violência. Inclusive, foi suspenso do jogo contra o São Paulo por um carrinho em que não fez falta. Levou o amarelo injustamente.
O carrinho que deu em Lucas Lima lhe valeu o amarelo merecidamente. Mas não houve violência. Chegou atrasado, fez falta feia, mas não foi premeditado, não foi violento. Nada parecido com a cotovelada que Vitor Hugo deu em Pablo, por exemplo.
Felipe Melo tem, a meu ver, um discurso equivocado quando se refere ao estilo de jogo necessário para a Libertadores. Eu, há tempos, defendo que o melhor modo de um clube brasileiro se dar bem na competição, é jogar bola. Praticar um bom futebol. Trocar passes, pressionar, fazer a bola rodar, atacar…Há muitas estratégias para mandar no jogo. É só escolher uma. Ou várias. Evidentemente, futebol é um jogo de contato. E um jogo psicológico. Não se pode dar vantagens. O que é diferente do discurso dele, adotado por outros. Lembremos a idiotice que foi a expulsão de Vitor Hugo contra o fraco Tucumán.
Há um outro comportamento de Felipe Melo que incomoda, mas que eu acho perfeitamente justificável e normal. Se uma torcida provoca um jogador, porque um jogador não pode responder no mesmo tom? Se ele entra em campo ouvindo que afundou a seleção do Brasil, por que não pode mostrar o escudo, não pode bailar e ironizar?
Aliás, lembremos o caso Cueva. O peruano do São Paulo fez um gol na Vila. Comemorou como sempre faz, como Riquelme sempre fez…com a mão em concha no ouvido. Jogadores do Santos, como Leandro Donizete e Thiago Maia fizeram uma roda e intimidaram o jogador. Quem está errado? Quem comemora ou quem tenta intimidar? E Cueva levou o amarelo. E os valentões do Santos se calaram diante de Felipe Melo, que não fez nada de errado.
Eu defendo que o jogador possa se manifestar contra uma torcida, mesmo que seja a sua. Foi o que Michel Bastos fez contra a torcida do São Paulo, que o vaiava insistentemente. Mandou calar a boca. Tempos depois, foi agredido. Quem está certo? Quem responde uma provocação ou quem agride?
O discurso de Felipe Melo me incomoda. Mas é importante dizer que ele não tem feito em campo nada do que seu discurso indica. Tem sido um pitubul sem violência.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.