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Ceni e novo estatuto aproximaram Casares de Leco

Menon

06/04/2017 14h05

No final do ano passado, Julio Casares era a grande noiva do processo eleitoral do São Paulo. Conselheiro mais bem votado nas duas últimas eleições, aparecia como objeto de desejo da oposição, que buscava um candidato que ampliasse sua base eleitoral, uma defecção das hostes situacionistas para apoiar com gosto e fé. Casares era o nome escolhido para enfrentar Leco e também Roberto Natel, o vice do presidente, que havia deixado o cargo para também se candidatar. Com três candidatos – Leco, Natel e Casares – a oposição se via com muitas chances de vencer.

Casares também era o sonho de Leco. O presidente lutava para que não houvesse defecções, principalmente a de Casares, que, além do prestígio clube, faz parte do Participação, mesmo grupo político do presidente. Mais do que isso, é o coordenador do grupo. Seria desconfortável explicar uma candidatura que não é aceita nem pelo seu vice e nem pelo coordenador de seu próprio grupo político.

No início de dezembro, quando Rogério Ceni foi apresentado, Julio Casares estava lá, no CT da Barra Funda. Andando de um lado para o outro, radiante, cumprimentando todos com entusiasmo. Ele estava afastado de Leco e sua ida ao CT tinha todo o jeito de lançamento informal de candidatura. Atitude de candidato, que ele jurava não ser. Jurava e ninguém acreditava. Ele repetia que não tinha condições de deixar seu emprego na TV Record e que não era o momento de se candidatar.

Na verdade, a contratação de Ceni o havia aproximado de Leco. Ele viu a vinda do grande ídolo para o clube como uma jogada de mestre, como algo grande. Marco Aurélio Cunha foi o primeiro a colocar o nome de Ceni na mesa, quando se falava muito em Roger. Por que Roger, se há alguém totalmente identificado com o clube, alguém que já decidiu ser treinador? E se Rogério quer ser treinador, terá de ser no São Paulo. Marco Aurélio sugeriu antecipar o inevitável. Casares gostou e não se importou de a ideia ter sido formulada por alguém com quem teve os debates mais acalorados da última eleição, quando Juvenal Juvêncio apoiou Aidar e Cunha foi o cérebro atrás da campanha de Kalil Rocha Abdalla, ninguém sabe, ninguém viu onde está.

Casares mostrou-se entusiasta também da ideia do novo estatuto, levada em frente por Leco. Ele participou com 27 propostas, algumas delas aprovadas no Conselho. Ele vê o novo estatuto como um momento único no clube, um rito de passagem para dias mais profissionais. Um estatuto em que o presidente não tem o poder absoluto e que permite a ele se cercar de gestores. Um presidente que talvez não precise se dedicar tanto ao clube, mas isso é assunto para a nova eleição.

Quando a decisão de não ser candidato foi, enfim, cristalizada, quando todos aceitaram que era verdade o que dizia e não apenas conversa para se valorizar e esperar a hora certa para se lançar, a oposição já estava vendo outros nomes. Já não contava com uma das duas prováveis defeções. A mais importante delas, a que sonhava apoiar. Mesmo assim, havia Roberto Natel, o que garantiria três candidatos e uma sangria nos votos de Leco. Foi então que Natel abdicou da candidatura. Viu que não teria chances. E voltou ao ninho. Um movimento semelhante ao do próprio Leco, quando foi preterido por Juvenal em favor de Aidar. Voltou e virou presidente do Conselho. Talvez seja o caminho sonhado por Natel, para implantar sua candidatura para a próxima eleição.

A oposição, então, procurou outros nomes. Opice Blum estava queimado por haver ido com muita sede ao pote e haver condenado Ataíde Gil Guerreiro sob a bizarra e ridícula acusação de tentativa de assassinato de Carlos Miguel Aidar. Era preciso um candidato forte e não alguém folclórico como Newton do Chapéu. E a escolha foi por Pimenta, o dono de todas as glórias no início dos anos 90. É uma candidatura forte e bem organizada. São os dois grupos de cardeais novamente frente a frente. Juvenal Juvêncio e Antonio Leme Nunes Galvão estão mortos, mas seus grupos estão se digladiando novamente. A mesma velha história que talvez mude com a nova estrutura de poder a ser implantada com o novo estatuto. Mas que só mudará, com certeza, com a abertura do clube para que sócios torcedores possam participar com voto e voz. Afinal, quem paga um título de sócio torcedor, com certeza não é palmeirense, como uma conselheira que deu seu depoimento a favor de Pimenta.

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


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