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Abel, o veterano passional, contra Zé Ricardo, o jovem pragmático

Menon

17/06/2017 10h16

Juntos, Flamengo e Fluminense, fizeram 14 jogos no Brasileiro até agora. Conseguiram apenas cinco vitórias e sofreram quatro derrotas. Empataram cinco vezes. O Flu ganhou mais (3 a 2) e perdeu mais (3 a 1). O Flamengo empatou mais (4 a 1). O maior número de vitórias deixa o Fluminense na 10ª posição, uma na frente do rival. Os dois tem apenas dez pontos ganhos em 21 possíveis. O Fluminense perdeu os dois últimos jogos, período em que o Flamengo conseguiu uma vitória e empatou uma partida.

Enfim, os números que antecedem o clássico não são bons. O que não tem a menor importância quando se trata de um Fla Flu no Maracanã. Com torcida dividida. É o futebol em sua essência, enfrentando os coveiros da PM e do MP e mais o Coronel Marinho, que fazem de tudo para transformar o futebol em algo insosso, em um jogo de curling, em uma ópera dinamarquesa com o tenor gripado.

Há muita coisa boa a se ver em um Fa Flu. E neste Fla Flu também. Uma delas é o duelo entre Abel Braga e Zé Ricardo. No início do ano houve uma troca de guarda no futebol brasileiro. Apareceram treinadores jovens, com todo o respaldo de torcedores e jornalistas. Havia uma expectativa muito grande com os "sete magníficos": Zé Ricardo, Jair Ventura, Roger Machado, Fábio Carille, Rogério Ceni, Eduardo Baptista e Antonio Carlos Zago. Os dois últimos perderam o emprego no Internacional e no Palmeiras, respectivamente. E entre os veteranos, Abel Braga era o mais aceito. Sua presença não tinha 1% da rejeição que teria a contratação de Luxemburgo ou Oswaldo, por exemplo.

Interessante no duelo é que o lado emocional está muito mais presente no veterano do que no novato. Abel é uma pessoa muito emotiva. Após a derrota contra o Grêmio, em casa, ele foi de uma sinceridade juvenil. Nunca vi aquilo. Estamos com apenas sete rodadas e Abelão falou coisas como: "eu sou tricolor…não desisto nunca. em 2011, cheguei e perdi seis jogos seguidos, aí vencemos um e reagimos. ficamos em terceiro e montamos uma base para o ano seguinte, quando ganhamos o carioca e o brasileiro. quando vim, já sabia da questão financeira do clube"…

Me pareceu que ele, em um rasgo de sinceridade, abriu mão de lutar pelo título em 2017. Algo que ele pode fazer por ser o Abel no Fluminense. Por ter um respeito adquirido em muitos anos. E por dirigir um clube com pouco dinheiro para investir e que tem de brigar para manter Richarlison, sua renovação, que não demonstra, ao contrário de Abel, amor e fidelidade ao Fluminense.

Do outro lado, Zé Ricardo. Jovem e dirigindo um clube com alto poder de investimento. Ele está começando a usar Conca e ainda terá, em pouco tempo, Everton Ribeiro e Rhodolfo. E, muito provavelmente, Geuvânio. E, se tantos reforços estão chegando, é prova que o elenco tem falhas. Falhas com nome, como Rafael Vaz, por exemplo. E, mesmo assim, mesmo com falhas, mesmo como bom campeonato feito no ano passado, Zé Ricardo correu riscos. Poderia ter caído. Um dos motivos é o excessivo apego a alguns jogadores. Desvencilhou-se do abraço de afogados com Muralha, mas manteve Márcio Araújo. Durante todo o período de incertezas, Zé Ricardo manteve-se aparentemente calmo e fiel a seus princípios.

Um veterano passional dirigindo um clube com pouco dinheiro e um elenco cheio de revelações. Um jovem pragmático comandando um clube com muito dinheiro e cheio de craques e com a maior revelação brasileira desde Neymar. É um duelo bacana de um clássico que nunca decepciona.

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


Menon