São Paulo Vitrine Clube caminha para a Segundona
Menon
01/07/2017 06h00
O São Paulo Futebol Clube é o mais vencedor do futebol brasileiro.
O São Paulo Vitrine Clube é o mais vendedor do futebol brasileiro.
Caminha para um grande fracasso.
Se o conceito vitrine for mantido, cairá para a segunda divisão, não necessariamente em 2017.
Mas que a queda virá, virá. Em pouco tempo.
O clube que ficou 13 anos na fila e que tinha a desculpa da construção do Morumbi, caminha para uma seca ainda maior. De títulos, sem dúvida. Talvez com um título indesejado da série B
O Argentino Jrs é um time vitrine. Revelou Maradona e Redondo. E?
Qual o sentido em se vangloriar, como Pinotti fez, de ser uma vitrine maior e melhor que o Corinthians? Revela mais, vende mais, vende melhor e….e daí? Fica mais rico e o dinheiro vai para cobrir um buraco que nunca diminui?
Sabe quem é bom vendedor? O Atlético Nacional, que foi campeão da Libertadores, vendeu Copete, Berrio, Borja, Guerra e mais um monte e continua sendo campeão.
O São Paulo não ganha nada faz tempo, vende um monte de gente e continua devedor. Quem explica?
Pinotti e Leco repetem a frase: "se o jogador não quer ficar no São Paulo, tem de sair". Tem lógica, mas é necessário pensar mais longe analisar dois pontos.
- Por que todo mundo quer sair do São Paulo?
- Quem quer sair, sai? Do jeito que quer? A hora que deseja?
Quanto à pergunta 1, mostra-se uma falta total de comprometimento com o clube, com o seu projeto, com a sua história. Algo está muito errado. No clube ou na cabeça de jogadores que preferem jogar no Vitória (Neílton e Kieza) ou no Sport (Rogério).
Se um jogador em vez de ouvir o responsável pelo departamento de futebol se vangloriar de que o time é uma vitrine, ouvisse outro discurso falando de resgate de glórias antigas, falando de futuro, falando de ser, em pouco tempo, o melhor do Brasil, falando em voltar a reinar na América, se comprometesse com um projeto, com uma história e tivesse vontade de lutar por títulos e ficasse.
Mas, se não quer, sai? Não é assim. Em um clube grande não é assim.
Um clube grande, que não sonha em ser vitrine e sim em ser campeão, pode perder jogador. Mas, na hora que quiser, nas condições que quiser e pelo preço que quiser.
Vejamos o caso Thiago Mendes. Ceni queria a sua permanência, pensando em um trio com Jucilei e Petros. No mês passado, houve uma proposta do Lille e a diretoria recusou. Ceni, com certeza, pensou que a recusa tivesse a ver com o seu pedido. Nada disso.
A permanência não tinha a ver com o pedido de Ceni.
A saída teve a ver com o pedido de Thiago Mendes.
Esta é a diferença. Além de o fato de o Lille haver aumentado a oferta em 1 milhão de euros.
Um clube grande não pode ficar à mercê dos pedidos e dos sonhos dos jogadores. Este é um time-vitrine. Um grande time, um time campeão, decide as coisas de acordo com o seu projeto.
O São Paulo precisa de um comandante de pulso firme que chegue em Thiago Mendes e diga: "você quer sair, mas eu quero que você fique para a gente ser campeão". Ou, então, em um rasgo de sinceridade: "você quer sair, mas eu quero que você fique para que a gente não sofra com a possibilidade de rebaixamento".
Não adianta ter pulso firme apenas para multar jogador em 20% por haver criticado a torcida. Isso é fácil.
Um clube grande precisa de pulso firme, precisa de projetos grandiosos.
Não pode estrear jogador na rodada 11. Talvez três. Se não for três, sobrará Petros para a rodada 12.
Não pode contratar Maicosuel em um dia e colocar o jogador em campo no dia seguinte. E, depois ficar quatro jogos no departamento médico. O que aconteceu? Contusão grave? Veio bichado?
Um clube grande não pode chegar em julho e ter apenas um campeonato para disputar, por conta de eliminações seguidas. E estar, após dez rodadas, lutando para sair da confusão.
Um clube grande não pode ter como meta, em julho, apenas e tão somente, fugir da humilhação em dezembro.
O São Paulo precisa de um presidente que sonhe alto e que não se orgulhe de dirigir uma vitrine. Precisa de um presidente que faça a dívida acabar, já que tanto dinheiro entra.
Acorda, Leco.
O São Paulo não pode viver refém de cardeais que estão em uma ciranda maluca que leva o clube para o buraco. Juvenal, Aidar, Leco, Pimenta… O São Paulo precisa de oposição e não de dissidências.
Acorda, São Paulo.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.