Levir, o Menino Maluquinho, enfrenta a ditadura do pensamento único
Menon
03/08/2017 13h13
Essa história sempre me deixou com um pé atrás com Levir. O outro pé atrás foi no ano 2000, quando ele, que dirigia o São Paulo, insistiu em escalar Sandro Hiroshi e não Evair contra o Cruzeiro, na final da Copa do Brasil. Deu Cruzeiro e eu detectei uma certa má vontade com o craque. Não gosto de técnico assim.
Levir, para mim era old fashion. Agora, é trend. Como não sou adepto do pensamento único, me rendi a Levir desde que ele voltou do Japão e assumiu o Galo. Não só pelo futebol ofensivo, mas também por ideias novas para o carcomido pensamento futebolístico brasileiro. O fim da concentração, por exemplo. Só um menino maluquinho para dizer isso em Pindorama.
Continuou batendo de frente com medalhões, mas aí já vi uma boa dose de razão. Ronaldinho Gaúcho, Fred…Não são pessoas fáceis de lidar. E
Levir fala muito, como após uma vitória do Santos, com três gols de Bruno Henrique. "Ele fez três, mas foi um dos piores em campo". Não consegui entender, mas espero que Levir tenha se explicado melhor com o jogador. Mas é sincero, fala o que pensa. Ou, parte do que pensa. Ninguém é totalmente sincero. Nem deve ser.
O Santos está invicto há oito jogos no Brasileiro, com cinco vitórias. Foi eliminado da Copa do Brasil, mas meteu quatro no Flamengo. E, uma semana depois, mais três. O estilo do Santos poderia ser definido pelo nome de um programa de boleros que eu gostaria de ter, se fosse dono de rádio no interior: "Carrossel de Emoções". Tem momentos de puro 4-zer0-6.
Levir é um sucesso sem repetir os novos chavões da "intelligentsia" esportiva brasileira. Não fala em basculação, transição lateral, amplitude, terço final… Talvez fosse reprovado na Universidade do Futebol. Mas, juntamente com Renato e Luxemburgo, está fazendo os cultores do pensamento único da modernidade, pouco a pouco, se retratarem. Afinal, o futebol pode ser bem feito de várias maneiras. Inclusive sem diploma.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.