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São Paulo está brincando de roleta russa

Menon

28/08/2017 10h19

Galveston, de Nic Pizzolatto (roteirista da série True Detective), é um livro para virar filme, com seus diálogos curtos e sua história intensa. Já virou, aliás. Estreia no ano que vem. Roy Cady, um assassino de aluguel, é traído por seu chefe e consegue escapar de uma tocaia. Foge e leva consigo uma prostituta de 18 anos, Rocky Acenaux, em uma louca viagem até Galveston, no Texas. No caminho, mortes, assassinatos, bares e bebida. É uma viagem rumo à morte, pois na primeira página do livro, Cady é diagnosticado com câncer no pulmão. Flocos de neve no pulmão. E sua reação é fumar um cigarro. E beber um uísque.

Diagnosticados com câncer que fumam charutos.

Diabéticos que mergulham em um balde de milk shake.

Alcoólatras que saem da reunião do AA e tomam uma cervejinha para relaxar.

Viciados em droga que dão um tapinha de leve porque maconha, está provado, não faz mal.

Malucos por velocidade, tirando rachas nas ruas das metrópoles.

E tem o São Paulo, que está caindo para a segunda divisão. Sabe qual é o motivo principal e não consegue fazer nada para mudar de vida. Como Roy Cady foge para Galveston, o São Paulo corre para Lucas do Rio Verde e Varginha. E o piloto de sua insana viagem rumo ao vexame tem nome: Julio Alberto Buffarini.

Dorival Jr. sabe que o problema está ali. Ele se aproveitou disso quando era treinador do Santos e viu Victor Ferraz dar um drible humilhante em Buffarini. Ele já era técnico do São Paulo e viu Jean Motta dar um drible humilhante em Buffarini. Os dois lances se transformaram em gols.

Dorival Jr. viu Rildo, do Coritiba, dominar Bruno e sofrer um pênalti "insofrível". Dorival Jr. viu Araruna falhar nos dois gols do Bahia. E viu agora, o Palmeiras marcar quatro gols pela direita de sua defesa. Um deles, nascido de um erro ridículo de Edimar, lá na outra lateral. Buffarini estava em campo. Como estava no Paulista, no gol de cobertura de Dudu, quando perdeu uma bola dominada.

O time do São Paulo é ruim. Tem muitos defeitos, mas melhoraria muito se houvesse uma solução para o problema. E qual é a solução?

A primeira e mais fácil opção é trocar o jogador, como Dorival fez ao colocar Edimar em lugar de Tavares. Melhorou, apesar do erro contra o Palmeiras. Também trocou Renan  Ribeiro por Sidão. No caso da lateral, trocar parece uma solução que não se sustenta, pois Bruno é fraco e Araruna não entusiasma ninguém.

A segunda opção é improvisar. O melhor nome, apesar de tudo, era Wesley, que foi para o Sport. Poderia ser Petros. Ou então, jogar com um zagueiro na lateral, algo comum em outros países. Um marcador, apenas. Não precisa apoiar. Um homem que tampe o buraco. Rodrigo Caio jogou uma vez assim e tomou um baile do Neymar. Mas Neymar é Neymar e Rodrigo Caio é Rodrigo Caio. Podia ser Arboleda…

A terceira opção é melhorar a cobertura e a proteção a quem joga. Questão de treinamento, mas isso Dorival deve fazer todo dia. E não está dando certo. Poderia colocar um meia para ajudar o lateral. Gómez pode ser o cara, mas, com sua entrada, o time perderia na armação.

A quarta opção é buscar na base, mas, quem? Foguete disputou o estadual de Goiás pelo Vila Nova, que não ficou com ele para o Brasileiro da Série B.

A outra opção é Dorival ir trabalhar no dia da folga. Juntar-se com Lucas Silvestre, com o pessoal do departamento de análise e estatística, com Vinícius Pinotti, com alguém da Nasa e fazer uma busca detalhada por um novo lateral. Listar todos que não fizeram ainda sete jogos, buscar na segunda divisão, na terceira divisão, na Série XYZW e achar alguém. Não precisa ser craque, não precisa ter futuro brilhante, nada. Basta saber marcar, diminuir espaços, dividir, dar um carrinho, não levar drible humilhante e não fazer pênalti imbecil.

Enquanto não fizer alguma coisa, Dorival e o São Paulo estarão se comportando como malucos de pedra que curtem a adrenalina de uma roleta russa. No caso do Tricolor, há no mínimo três balas na agulha.

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


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