Felipe Vizeu escapa da sanha punitiva. Bom para o Flamengo
Menon
24/11/2017 10h31
No domingo, Felipe Vizeu faz um gol e comemora de maneira grosseira e desrespeitosa com o companheiro Rhodolfo e com o clube, a quem expõe no mundo todo.
Na quinta-feira, Felipe Vizeu faz um lindo gol, típico de centroavante. Uma pancada que vira o jogo e deixa o Flamengo em melhores condições de ser campeão.
Do vexame à redenção. De um gol que virou acessório de um gesto vergonhoso a um gol que pode ser lembrado por um bom tempo.
O que poderia impedir o grande salto do garoto que completará 20 anos em março? E que fez seu gol 15 em 59 jogos?
A negativa do Flamengo em se render à sanha punitiva que assola o Brasil de hoje.
Um jogral tenebroso do tipo:
Tem de punir
Tem de afastar
Tem de sofrer
Tem de multar
É lógico que o Flamengo precisa tomar uma atitude além daquela que tomou, colocando Vizeu e Rhodolfo trocando juras de amizade em frente à televisão.
É preciso fazer o jogador entender que, ao entrar em campo com a camisa do Flamengo, ele é uma extensão do Flamengo. Precisa respeitar e honrar o símbolo que está usando. Na verdade, ele mesmo é um símbolo do clube.
E, ao desrespeitar a camisa e o clube, não faz direito ao seu direito de imagem. Afinal, a imagem do clube foi arranhada.
Mas direito de imagem é apenas uma maneira de se pagar por fora, não é? Uma das bobagens desse profissionalismo que nunca chega de maneira definitiva.
Então, eu estou aqui dizendo que o jogador precisa entender que humilhou o clube sem puni-lo? Sem mexer no seu salário?
Sim. Salário é sagrado. Se não quer pagar, demita o trabalhador.
Então, o que faria?
Não sei. Com toda sinceridade, não sei.
Tenho certeza de duas coisas.
Primeiramente, Vizeu é um garoto e precisa aprender de forma educativa que o Flamengo é muito maior do que ele. Que o Flamengo é tudo e ele não é nada. Precisa aprender a respeitar o clube.
Segundamente, eu sei que se Vizeu tivesse sido afastado, não faria o gol que fez. Talvez outro fizesse, mas ele não faria. E a punição teria sido ao Flamengo mais do que ao jogador.
Nos tempos da Ditadura, uma frase me marcou. O problema não é o general de plantão a nos governar. O problema é o vizinho dedo duro que pensa servir o general de plantão.
No Brasil, estamos vivendo algo parecido. Aquele cara bacana que você encontrava na feira, pode ser o mesmo que vai até a porta do Sesc queimar bruxas e depois vai ao aeroporto ofender alguém que pensa diferentemente dele e que está deixando o Brasil. A moça bonita que você estava paquerando no supermercado? Você pode encontrá-la no facebook ofendendo a comunidade LGBTTQ.
Ainda bem que o Flamengo não se rendeu a isso. Tem de punir/Tem de esfolar/Tem de bater/Tem de esfolar…
E tomara que tenha conseguido fazer Vizeu entender que aquele dedo mostrado a Rhodolfo prejudicou muito a imagem do Flamengo.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.