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Zé Roberto e a despedida de um gigante

Menon

27/11/2017 14h08

Em 1997, o Brasil fez um acordo com a Bolívia: levaria seus principais jogadores à Copa América (Ronaldo inclusive) desde que mandasse seus jogos longe da altitude.

La Paz e seus 3640 metros de altitude só em caso de final. Contra a Bolívia. E foi o que se deu. Os bolivianos e seu quadrado mágico (Wladmir Soria, Erwin Sanchez, Etcheverry e Baldivieso) foram bem e chegaram à final.

O jogo não foi fácil. Edmundo marcou e logo Erwin Sanchez (tinha o apelido de Platini, que Platini não nos leia) empatou. No segundo tempo, Ronaldo marcou o segundo aos 34 minutos. E o placar foi finalizado com um minuto de acréscimo, com gol de Zé Roberto. Nada de altitude contra o garoto de 23 anos, que sempre cuidou do físico.

Hoje, 20 anos depois, ele se despede da carreira. Vinte anos ou quase isso em alto nível. Lembremos que estreou na Portuguesa em 1994, formando o time que seria vice-campeão brasileiro dois anos depois. Há outros números que mostram a longevidade. Há dez anos, em 2007, abdicou da seleção porque achou que era hora de dar lugar a jovens. Recusou o convite de Dunga para a Copa América. Estava jogando muito no Santos, com a 10. Se quisesse, chegaria aos 100 jogos. Parou nos 84. Um ano antes de parar, fez um gol contra Gana, na Copa da Alemanha. A segunda que disputou, esteve também na França-98.

Ficou fora de 2002, justamente por haver jogado mal na derrota para a Bolivia, por 3 x 1 no ano anterior.

Em 2005/2006, Parreira o chamava de "facilitador" por jogar de forma descomplicada e por dar gás para o quadrado mágico brasileiro, com Kaká, Adriano, Ronaldo e Ronaldinho.

Um jogador técnico. Poucas vezes vi laterais com tanta habilidade, representante de uma estirpe que teve Júnior, Marinho Chagas, o outro Júnior, Leonardo e agora Marcelo. Zé, além de técnico, era forte. Por isso, teve tanto sucesso no futebol alemão, no Bayer Leverkusen, no Bayern de Munique e, menos, no Hamburgo. Fracasso? No Real Madrid?

Mais longevidade. Zé Roberto ganhou três vezes a Bola de Prata. Enter o primeiro prêmio (1996, na Lusa) e o terceiro (2014 no Grêmio), foram 18 anos. Entre eles, há ainda 2012, novamente o Grêmio.

Pouca gente jogou tanto e tão bem. E sempre com dignidade, sempre respeitando a camisa, o time e o futebol.

É um grande que se vai.

O post foi feito após uma conversa com o amigo Luis Augusto Monaco.

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


Menon