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Fernando Diniz e a essência do futebol

Menon

01/02/2018 09h52

O jornalista Renato Rodrigues, da ESPN, fez uma entrevista espetacular com Fernando Diniz, treinador do Furacão. Há uma explanação do Diniz que é maravilhosa. Ele fala de como a preferência dos treinadores em jogarem fechados, apostando na transição, vai contra a característica técnica dos jogadores brasileiros. Leia aqui.

Dá muito trabalho ter a bola. Você tem que criar espaços, enfrentar linhas mais baixas… Quando isso acontece, você acaba se expondo mais. E no Brasil isso é ir contra a norma. Existe uma preferência para todos jogarem de uma forma mais conservadora. Você se protege melhor. Eu acredito que dois pilares fazem o futebol brasileiro caminhar para trás. A cultura do povo é de gente leve, a matéria prima ainda tem jogadores mais ousados, verticais, com bom drible, que sabem jogar com aproximação, serem criativos… E isso está na cultura do nosso povo. Os jogadores do futebol brasileiro, de uma forma mais geral, são oriundos de famílias menos favorecidas financeiramente. São caras que passam muito tempo na rua praticando futebol sem nenhuma inibição pois não tem um adulto monitorando as regras do jogo. Então a gente tem esse tipo de atleta e a gente está colocando ele para praticar um jogo com prioritariamente organização defensiva. Você precisa criar espaço para estimular a criatividade do jogador. E aí ele não cumpre de maneira satisfatória esses quesitos. O menino sonha ser jogador para jogar futebol. Não é porque ele quer marcar e jogar em transição. Isso é a contramão do que, principalmente o jogador brasileiro, sonha fazer quando é garoto. Avaliando de uma maneira mais profunda, eu tento, no geral, resgatar esse lado lúdico. Tentar trazer de volta o prazer que todo mundo teve de jogar futebol um dia. Todos estes jogadores já foram o melhor da escola ou da rua. Então se cria estruturas que favoreçam estes comportamentos para um jogo bem jogado. Sempre pensando em ter um time mais competitivo.

Em outro momento, ele fala de uma questão que sempre foi muito clara para mim: o fato de a seleção de 82 haver jogado tão bem e perdido criou uma falsa dicotomia no futebol brasileiro: jogou bem e perdeu, então se jogasse feio, venceria. Uma bobagem, porque o Brasil nunca foi campeão do mundo jogando mal. Nem em 94, quando não empolgou, mas jogou mais que os outros. A exceção é a Argentina de Maradona, destruída pelo doping de Maradona.

Eu não sou um fã de Fernando Diniz. Vejo qualidades nele, mas sou do tipo que considera o resultado a coisa mais importante no futebol. Um time grande tem de lutar pelo título, um time médio não pode cair. A busca destes objetivos precisa estar acima dos conceitos táticos de um treinador. E isso eu não vejo em Diniz. O Audax caiu jogando fiel aos princípios (ótimos, por sinal) de Diniz? Ora, a comparação que me surge é a do Titanic afundando e os músicos tocando, fiéis aos seus princípios. Talvez, no caso, coubesse à diretoria demiti-lo antes da queda. Mas ele poderia ter mudado também. Ou só sabe jogar de uma maneira? Aliás, nunca vejo em entrevistas a Diniz, questionamentos sobre o rebaixamento com o Audax e o péssimo desempenho do Oeste no Brasileiro.

Mas, a entrevista é muito boa. Aborda muitas questões táticas, fala do resgate do drible e das relações humanas também.

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


Menon