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Dorival, Raí e a comédia de erros

Menon

19/02/2018 14h38

O vexame do ano passado ainda ecoa e faz com que os são-paulinos tenham pavor e rebaixamento no Brasileiro. Seria a última estaca cravada em um coração muito magoado. Time grande não cai, é o que resta a todos gritar. O que fazer se até isso ocorrer? O medo faz com que as reações ao momento atual sejam muito exageradas. A meu ver, o São Paulo não corre o mínimo risco em 2018. O time vai melhorar, como melhorou no segundo turno do Brasileiro de 2017.

O problema é que a melhora é muito lenta. E a conta cai no colo do treinador, que não é o único culpado. Tudo o que se passa agora, tem início lá atrás. É uma comédia de erros que faz chorar.

1) Mentiras no final do ano – Leco contratou Hernanes e disse que ele ficaria até junho, com possibilidade de continuar por mais tempo. A verdade é que ele ficaria até junho, com possibilidade de sair antes, em janeiro. E foi o que ocorreu. A consequência é dar à torcida, um dos pilares da reação no Brasileiro, um grande motivo de desânimo.

2) Dorival e seus planos frustrados – O treinador disse a mim, no ano passado, que buscava jogadores que facilitassem uma saída de jogo mais rápida. Lembremos que, no Santos, ele tinha Gabigol, Marquinhos Gabriel, Geuvânio, Bruno Henrique, não juntos, é lógico, mas sempre uma boa opção pelos lados. A segunda parte do plano era dar espaço a jogadores da base, como Shaylon e Brenner.

3) Pacote errado de Raí – Quando eu ouço a expressão "oportunidade de mercado" penso em amadorismo. É como se eu fosse ao shopping comprar um livro sobre a Batalha de Stalingrado e adquirisse um grill do George Foreman, porque havia essa oportunidade de mercado. Dorival queria um lateral, para usar Militão como zagueiro e um atacante rápido. Recebeu um zagueiro (Anderson Martins), Nenê e Trellez. Depois, veio Valdívia.

4) Consequências do pacote errado de Raí – Anderson Martins pode reagir, mas hoje está atrás de Rodrigo Caio, Arboleda e Bruno Alves. Militão, o melhor da base dos últimos anos tem dado mostras de estagnação na direita. Marca muito bem, mas não é uma opção muito válida para as triangulações de lado de campo, no ataque.

5) Dorival se rendeu ao pacote – Ao receber Nenê, que não era uma opção (foi "oportunidade de mercado"), Dorival passou a utilizá-lo. E, ao escalá-lo juntamente com Cueva, Diego Souza, Petros e Jucilei, deu adeus a duas de suas prioridades: time rápido e apoio aos jovens. Brenner marcou contra Corinthians e Madureira e…cadê ele? Não estou dizendo que Brenner é um gênio, o cara que vai resolver tudo, apenas notando que sua evolução foi brecada. Uma evolução que vinha desde o final do ano passado.

6) Projeto Copa de Cueva e de Diego Souza – Cueva, jogador pouco profissional, deixou de forçar a barra para sair, após receber duras de Gareca e de Guerrero. Se quiser ir à Copa, tem de jogar no time em que estiver. E como Raí impediu (muito acertadamente) que saísse, o lugar que ele tem de jogar bola é no São Paulo. Tite deixou claro a Diego Souza que ele tem alguma chance de ir à Copa como centroavante. Coisa que ele nunca foi. E o que o São Paulo tem a ver com os sonhos de seus jogadores? Nada, não é? Nada obriga a escalação de  Cueva. Nada obriga a colocar Diego Souza no comando do ataque.

7) Valdívia – O Galo não o queria. O Inter não aceitava receber de volta. O São Paulo ficou com ele. E lhe deu status de "primeiro reserva", de homem que entra para dar velocidade ao time. Mas, e Brenner? E Caíque? Estão piores do que ele?

8) Dorival ama o 4-1-4-1 – O treinador do São Paulo é adepto do esquema com quatro meias e muita posse de bola. Tudo bem, nada contra, mas ele tem Militão que não é lateral, Petros que não é meia, Diego Souza que não é centroavante e Nenê que não é jogador de recompor, pelo lado. Com esses jogadores, não dá certo. Ele poderia mudar o esquema, ou mudar os jogadores. Para mudar o esquema, basta recuar Petros para jogar na mesma linha que Jucilei. E sair de trás, com a bola dominada, aproximando-se dos atacantes. Um 4-2-3-1. O importante é "sacrificar" Diego, Nenê ou Cueva. Um deles precisa sair. Eu colocaria o Marcos Guilherme na direita, Diego, Brenner e Cueva. É uma tentativa, há outras. Nenê e Cueva, com Brenner. Nenê e Diego, com Brenner. O que não pode é usar a lentidão com a vagareza, como tem sido.

9) Vai melhorar – Amigos, se eu estou vendo, o Dorival já viu antes. Ele sabe de futebol. E vai arrumar o time. Rumo a um ano bem melhor do que o outro, mas não vejo chance de ganhar um título importante.

PS – O post foi construído também a partir de conversas com o amigo Luiz FC Almeida. @luizfcalmeida

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


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