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Argumentos toscos contra Pelé

Menon

06/03/2018 11h52

O amigo Rodolfo Rodrigues divulgou que Lionel Messi tem 600 gols em jogos oficiais. O número mostra que há possibilidade de alcançar Pelé, que tem 743 gols oficiais. E a polêmica voltou: Messi é ou pode ser melhor que Pelé?

Pode ser, sem dúvida. Tudo pode ser superado no mundo, menos o estilo literário de Michel Temer. Se analisarmos a questão de melhor do mundo, veremos que ela foi, através dos tempos, uma questão Brasil x Argentina.

Di Stefano reinou nos anos 50. Depois, houve os 12 anos mágicos de Pelé. Maradona assume em 82 até 94 e Messi reina no terceiro milênio. São jogadores que merecem ter a palavra Era antes do nome. Outros gênios que ocuparam espaço entre eles, como Cruyff, Ronaldo, Beckenbauer e Ronaldinho, não.

Todos tiveram rivais, mas nenhum tão forte como Cristiano Ronaldo.

O que não concordo é com argumentos que buscam descaracterizar o que Pelé significa para o futebol mundial. Há uma má vontade enorme contra Pelé.

"Ah, Pelé conta gols pela seleção do Exército". Não é ele que conta. Ele não patrocinou contagens como Romário e Túlio. Mas, que é um absurdo, não resta dúvida. O que não se pode é colocar os outros 500 gols não oficiais como "gols pelo Exército". São muitos. Gols em excursões, contra times poderosos. Outros, nem tanto. Colocar tudo no mesmo balaio da insignificância é desonestidade intelectual.

"Ah, Pelé só jogou no Brasil". Sim, e mesmo assim foi considerado,pelos EUROPEUS, como o melhor do mundo. Imagine se jogasse lá. Ah, ele não jogaria? Então, lembrem que Evaristo foi ídolo no Barcelona e Julinho Botelho, na Fiorentina. Lembrem que Schiaffino e Ghifgis se naturalização e jogaram pela Azzurra. Que os suecos Gren, Nordahl e Liedholm, humilhados por Pelé em 58, viraram história no Milan.

"Pelé jogava só Campeonato Paulista". Sim, um campeonato muito forte. O Santos dominava. Entre 58 e 69, onze edições, ganhou oito vezes. O Palmeiras venceu três. Parece a Espanha, não? E William José não faria sucesso na época.

"No tempo de Pelé, havia mais espaço para jogar. Queria ver Pelé hoje em dia". Certíssimo, havia muito mais espaço. E Pelé era caçado em campo como um escravo fugido. Na Copa de 66, foi eliminado do jogo contra Portugal graças a Hilário e Moraes. E não se pode enfrentar a questão do tempo sem levar em conta todas as condicionantes. Nem o de Emmet Brown e seu De Lorean saíram ilesos. Querem trazer Pelé para a época atual. Então lhe dêem o preparo físico de hoje, a bola de hoje, a chuteira de hoje, a tecnologia de hoje.

"Ah, a Copa não tem tanta importância". Sim, até concordo. A Liga dos Campeões cresceu muito. Mas tinha, não tinha. Então, não diminuam o valor de um garoto de 17 anos que estreou, deu um chapéu no galês e meteu o gol.

Há argumentos falaciosos contra Messi também. O que não se pode é envenenar um debate sobre dois gênios com besteiras. Não se pode diminuir Pelé ou Messi. Quem o fizer, passa vergonha.

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


Menon