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Gabriel Jesus merece uma discussão saudável

Menon

04/07/2018 16h28

Gabriel Jesus é um dos jogadores mais "adoráveis" da seleção brasileira. É o tipo de garoto que tem história de vida triste e que se mantém o mesmo de sempre, humilde, simples, talvez um pouco simplório. Ao contrário da série de televisão, Everybody loves Jesus. Todo mundo torce por ele, todo mundo quer vê-lo como titular da seleção.

A simpatia que Jesus irradia em contraposição a vocês sabem quem, tem levado seus defensores a exagerarem – a meu ver – suas qualidades. Mas, comecemos pelo começo, por que Gabriel Jesus tem sido atacado?

Porque não faz gols. Já é a quarta partida da seleção e ele está em branco. O time fez sete gols e nenhum veio com sua assinatura. Só para lembrar e fazer uma comparação que não tem muito, quase nada a ver, o zagueiro Yerri Mina, também ex-palmeirense, fez três. Um dado a mais: a seca de Jesus é sentida também no Manchester City. Após uma contusão, parou de marcar e hoje não há dúvida alguma que o titular de Guardiola é Kun Aguero. Que fez dois gols pela desorganizada e eliminada Argentina.

Os que defendem a permanência de Gabriel Jesus apontam para suas funções táticas em campo. Quais, exatamente? Dos sete gols, quantos nasceram de passes seus. O de Coutinho contra a Costa Rica? Foi um passe mesmo? Houve um belo calcanhar para Neymar no pênalti simulado contra a Costa Rica. É muito pouco, amigos. Uma contribuição pequena para o ataque brasileiro.

E para o time? Aí e que, a meu ver, entra o exagero. Gabriel está contribuindo muito, Gabriel está ajudando na marcação, Gabriel fecha os lados do campo, Gabriel, contra o México, foi um grande auxiliar de Filipe Luiz… Nada disso é mentira, tudo isso leva em conta o grande amor que o garoto tem e merece ter por parte dos torcedores.

Quando dizem que Gabriel faz tudo isso, contribui tanto para o time, dá a impressão que seu possível substituto seja uma árvore plantada na área rival. Alguém sem mobilidade, alguém incapaz de dar um passe, um poste qualquer. Um centroavantão à moda antiga. Alguém pronto a ser servido e nunca a servira.

Não é o caso, né? Roberto Firmino tem jogado muito mais que Gabriel Jesus no campeonato inglês. Inclusive, ao lado de Salah e Mané, humilhou o City de Guardiola e…de Jesus. Criou-se, então, uma dicotomia: Firmino está melhor do que Jesus na Inglaterra, mas os números do garoto na seleção são impressionantes.

Não são mais. A Copa mostra.

Então, tira o Jesus e coloca o Firmino?

Pergunta dura para mim. Porque eu também sou fã do Gabriel Jesus. E acho que ele fará um gol a qualquer momento. Torço por ele. Mas também não tenho a passionalidade do Turco Simão, meu grande amigo, que considera os pedidos por Firmino uma ação da imprensa mafiosa.

Lembremos que em o Brasil foi campeão mundial cinco vezes e que sempre houve modificações no time.

Em 1958, Pelé, Garrincha, Vavá, Djalma Santos e Zito tomaram os lugares de Dida, Joel, Mazolla, De Sordi e Dino Sani.

Em 1962, Pelé, contundido, deu lugar a Amarildo.

Em 1970, as alterações vieram pouco antes da Copa, com Zagallo colocando Rivellino em lugar de Edu, Clodoaldo no meio e recuando Piazza para a zaga.

Em 1994, Raí deu lugar a Mazinho.

Em 2002, Kleberson tomou o lugar de Juninho Paulista.

Ou seja, nada de traumas. Nada de perseguição.

Não deveria causar uma comoção nacional a saída de Jesus. Não é o Romário que Felipão deixou de lado em 2002.

E o mais importante é que, com Jesus ou Firmino, o Brasil está no bom caminho.

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


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