A Copa que rebaixou o Brasil
Menon
16/07/2018 09h42
A seleção brasileira, já eliminada, foi aplaudida só deixar seu hotel na Rússia e ao chegar na aeroporto no Rio. Pouca gente, mas prontas a aplaudir. Aplaudir um sexto lugar.
É o fim das ilusões. Reflexo de quatro derrotas seguidas. Criou-se o consenso de que já não somos invencíveis. Nunca fomos, é claro, mas rompeu-se a sensação de estar acima de todos.
Ganhar a Copa deixou de ser normal. Já não há crise quando perdemos. Qual será o próximo passo? Chamar o Olodum e os bonecos de Olinda e decretar feriado nacional quando formos terceiro lugar? É a banalização do fracasso.
A derrota de 2018 é a mais preocupante dos últimos tempos. Além de destruir expectativas, ela chega sem desculpas. Não se pode dizer que a bagunça imperou (2006), que o treinador era neófito ou ultrapassado (2010 e 2014).
Nada. Tudo foi feito da maneira correta. Nada de sobressaltos. Classificação sem sustos, após a chegada de Tite. Convocação normal, com um ou outro nome questionável. Tite não levou Luan? Ok, Dunga não levou Neymar.
E o que se viu?
Um time titular com jogadores sem condição de jogar nas seleções que ficaram nos três primeiros lugares: Fagner, Fernandinho, Paulinho (sempre elogiei), Willian, Gabriel Jesus e Danilo.
Marcelo e Coutinho jogando abaixo do que se esperava. Marcelo, pela segunda Copa seguida.
Neymar, pela segunda vez, comprovando que, apesar de ser um grande jogador, não é alguém capaz de fazer a diferença em uma competição tão importante.
Um treinador que não soube reagir diante de surpresas táticas. Foi assim contra o México e contra a Bélgica.
Houve coisa boa? Lógico, mas a maior de todas tem data de validade: Thiago Silva e Miranda, com 37 anos, não irão ao próximo mundial.
A situação é complicada. O sinal está vermelho. Pedro, do Fluminense, é a única revelação que sabe cabecear e jogar dentro da área. Centroavante. Estão surgindo muitos jovens rápidos pelos lados do campo e nenhum Pogba.
Saudamos Arthur, nosso Modric.
Perceberam a tristeza. Os outros são referência. Podemos ter um Modric, não temos um Hazard, um Kane ou um Pogba.
É hora de enfrentar a realidade e acabar com verdades antigas como: podemos fazer três seleções, gringo cintura dura, a amarelinha ganha sozinha e o pior de todos….
Perdemos para nós mesmos. Achar que perdemos para nós mesmos é o início de uma nova derrota.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.