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Basílio, revoltado com o time, vê a reação começar contra o Palmeiras

Menon

06/09/2018 17h57

Basílio está triste, revoltado e envergonhado com o futebol apresentado pelo Corinthians atual. Ídolo da torcida e autor do gol que tirou o time de um jejum de quase 23 anos sem títulos em 1977, o eterno camisa 8 não se conforma em ver um grupo tão sem alma em campo, apático e vendendo barato as derrotas. Em sua opinião, muitos jogadores que chegaram "não têm identidade com o clube, se assustaram", a diretoria demorou demais para trocar o técnico Osmar Loss, devia ter investido num comandante "maduro e conhecedor da história corintiana", mas aprovou a chegada de Jair Ventura.

Fala do desempenho em campo com conhecimento de causa, pois vai à arena Itaquera em todos os jogos e assiste pela tevê os duelos longe de casa. Acredita, porém, que a volta por cima pode acontecer já diante do Palmeiras, domingo, jogo que "todos querem aparecer" e que o novo técnico tem tudo para estrear bem.

Basílio, o Corinthians virou alvo de chacotas, não consegue mais se impor, o que pode dizer sobre essa situação?

O time vai reagir já, já com essas mudanças (saída de Osmar Loss e chegada de Jair Ventura). Tem um clássico importante domingo com o Palmeiras que pode ser o início da volta por cima. Mas sobre o último jogo, não dá para enfrentar o Ceará e não dar um chute a gol no primeiro tempo. Foi terrível. Depois tive de buscar minha esposa de viagem, mesmo assim revi o segundo tempo e não melhorou.

Qual o motivo para essa queda de rendimento?

O time perdeu o perfil, está todo mudado e não consegue mais ganhar. Nessa situação difícil, precisa ao menos somar empates e nem isso consegue. O elenco está desmoralizado, estamos ouvindo um monte de bobagens. Mas com um clássico pela frente, essa é a hora de mostrar reação, todos gostam de um jogo desses.

Mas o Palmeiras está embalado…

Quem é contratado para jogar no Corinthians tem de mostrar personalidade nesses jogos grandes. Há dois meses estava conversando com dirigentes e conselheiros do clube que queriam minha opinião sobre as contratações e o futuro. Vi muita gente chegando assustada. Se você vai para o bicampeão paulista e atual campeão brasileiro, tem de se impor. É muito melhor atuar num clube vencedor, você se mostra para a seleção brasileira e até mesmo para clubes de fora. Mas muitos estão decepcionando. Se não tiver personalidade, está acabado.

Mesmo assim confia numa melhora diante logo do maior rival?

Meu sentimento diz que sim. Quando estávamos nos piores momentos no Corinthians, sempre demos a volta por cima nos clássicos. Nesse ano ganharam uma vez do Corinthians e pensaram que tudo estava definido. Fizeram (torcedores palmeirenses) até piadinhas. Estou saboreando a vitória na casa deles até agora. Não podemos desistir jamais, é ter perseverança, calma, tranquilidade para dar continuidade nesses triunfos.

Você disse que a reação pode vir com a troca do técnico. A diretoria devia ter tirado o Loss há mais tempo?

Houve uma demora muito grande para a troca. Pelo visto em campo, já era sabido que ele não tinha experiência para assumir o time agora e ficar tanto tempo. Foi auxiliar do Fábio Carille por pouco mais de um ano e já assumiu. Muito cedo para isso. O Carille demorou oito anos para ser efetivado. Faltou aprendizado. O Loss é um tremendo profissional, mas o relacionamento com o amador é diferente em relação ao time de cima. Aqui você senta numa cadeira e tem do lado uma diretoria, a comissão técnica do outro, uma torcida na frente e um time atrás. Tudo isso requer experiência, disposição, equilíbrio. Se não tem, acaba tropeçando.

Então, a diretoria é a maior culpada do fracasso?

Todos são responsáveis, mas não é hora de ficar acusando Pedro, João ou Maria. Nada de ficar transferindo culpa, é hora de os corintianos darem as mãos, pois o time tem potencial para superar o momento ruim, é só acreditar.

Na sua opinião, qual devia ser o perfil do substituto?
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Tinha de vir agora alguém experiente e com identidade com o torcedor corintiano. Para trabalhar forte e rápido para resgatar a confiança e tirar o time dessa situação incômoda.

A diretoria, porém, apostou no novo. O jovem Jair Ventura (39 anos), que fracassou no Santos recentemente, foi o contratado, o que achou?

Apenas de falar em alguém experiente, achei uma boa a chegada do Jair Ventura. Ele é novo, mas mostrou qualidade no Botafogo. Apesar de não ter conseguido repetir no Santos, acho que pode ter a identidade que o Corinthians quer investir. Vamos acreditar, eu confio nele.

Mas e essa fama de retranqueiro…

Conversei com o (Serginho) Chulapa (auxiliar técnico do Santos) e ele elogiou bastante o Jair Ventura. Disse que é um jovem cheio de novidades. E não o vejo como retranqueiro. Os times jogam de acordo com seu esquema. E ninguém quer ver sua equipe jogando aberta e levando gols.

Então, aceitaria ver um Corinthians mais precavido?

O Jair Ventura precisa primeiro conhecer a casa. Tem de fazer como o Carille, arrumar a defesa, depois o meio para depois ter a confiança de montar um Corinthians tão grande como quem está  na sua frente.

O Corinthians ganhou o Paulista, mas fracassou na Libertadores e está mal no Brasileiro. Isso pode interferir na Copa do Brasil?

O Brasileirão eu já descarto. Título está praticamente fora de cogitação e tem de lutar para fugir da situação incômoda. Mas, com organização, ainda pode até sonhar com um quarto ou quinto lugar. Mas a Copa do Brasil está nas mãos do time. Faltam poucos jogos e não tenho medo de nada (enfrenta o Flamengo na semifinal). Com um pouco de organização dá para buscar o título e voltar à Libertadores no ano que vem.

Nem pensa em luta contra o rebaixamento no Brasileirão como já andam falando? São só sete pontos do primeiro a cair.

Não vejo o time lutando contra o rebaixamento, têm equipes muito piores na competição. Acredito em luta por vaga lá em cima. Contudo, uma mudança de postura se faz necessário.

Mesmo com essa falta de segurança defensiva, com o time levando tantos gols…

Com o Carille, o time tinha uma obediência tática impressionante. Jogava para não sofrer gols, com a segurança de dois jogadores, o Gabriel e o Maicon, que davam segurança à zaga e liberdade para Rodriguinho e Jadson criarem e para Romero e Jô aparecerem na frente. Não temos um atacante como o Jô, mas quem faz muita falta é o Maicon. Não encontramos um substituto com sua característica. O Maicon defendia, organizava o meio e partia como surpresa. Mesmo sem um supertime, o Corinthians era aplicado. Agora, realmente leva muitos gols, em todos os jogos. Mas o novo técnico pode arrumar a casa.

A ENTREVISTA FOI FEITA PELO JORNALISTA FÁBIO HÉCICO

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


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