Felipão, Jair, Mano, Aguirre e o medo de gol
Menon
13/09/2018 16h50
Jair Ventura assumiu o Corinthians. Perdeu de 1 x 0 para o Palmeiras e empatou sem gols com o Flamengo.
Em dois jogos, aproximadamente 190 minutos de futebol, chutou exatamente ZERO bolas ao gol. Zero.
Alguns amigos corintianos, pasmem, elogiam o treinador. Ele teria dado consistência defensiva ao time. Tucanaram a retranca.
Fica claro que, a continuar assim, o Corinthians conseguirá a classificação apenas nos pênaltis.
E o Palmeiras? Felipão disse uma frase assombrosa. "precisamos ter muito cuidado quando tivermos a posse de bola". Ora, não seria o contrário? Se eu tenho a bola, é bom o rival ter cuidado?
Com o dinheiro que tem, com os jogadores que tem, o Palmeiras podia ser mais agressivo na busca do segundo gol. Marca um e recua, em busca de um contra-ataque. Se tivesse outra postura, poderia, quem sabe, golear o Corinthians.
O Cruzeiro ganha o prêmio de Melhor Retranca Fora de Casa. Ao contrário do Corinthians, tem boa opção de contra-ataque. Mesmo assim, parece sempre ser um time que aposta na decisão por pênaltis. Fábio garante.
O Flamengo ataca, ataca e chuta pouco. Troca passes, mas usa pouco os lados do campo. Não é um cultor da retranca, mas é pouco efetivo.
O São Paulo faz um gol e volta correndo para a defesa. Rejeita a bola e aposta na velocidade de Rojas e Everton. Pode dar certo, como contra o Bahia. Pode dar errado como contra o Corinthians, no Paulista. A classificação foi para o ralo aos 48 do segundo tempo.
Há muitas maneiras de jogar. E não sou eu que vou dizer para todos jogarem no 2-3-5 para termos grandes goleadas, em memória a um passado que não existe mais.
Mas é preciso ter, ao menos duas atitudes diferentes.
Os bons times, ao marcarem o primeiro gol e sentirem o abalo do rival, precisam buscar logo o segundo. Instinto assassino. Como hienas quando sentem cheiro de sangue.
E os times que dão a bola para o inimigo, precisam ter a possibilidade concreta do contra-ataque. Dois pontas que façam a recomposição, mas que saiam rapidamente para o ataque. E um centroavante.
Não dá para recuperar a bola e, em vez do gol, correr em direção às bandeirinha de escanteio e lá ficar em uma briga quase obscena pela bola.
Dá para melhorar nosso futebol. Basta diminuir o medo de jogar.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.