Danilo, real e discreto brilhante
Menon
24/11/2018 04h44
Danilo usa brinco.
E mesmo com a popularização do adorno para homens, parece haver alguma coisa fora do lugar quando Danilo usa um brinco. Não é a imagem que se tem dele. Pré-julgamento, sim. Quem, nunca?
Brinco não combina com Danilo. Ele é muito perfil baixo. Não é falante, parece envergonhado, não é um líder, não grita com todo mundo, não aparece na televisão.
Brinco não orna, como ele, caipira de São Gotardo, diria.
E não tenho nada contra caipira. Muito pelo contrário. Quando falo porta, há muito mais do que um erre entre o po e o ta. Algo como porrrrrrta. Quem é, sabe como é bom.
Brinco?
Danilo é um brilhante do futebol brasileiro. Nunca vi um jogador tão injustiçado quanto ele, quando se fala de seleção brasileira. Nunca foi convocado. Nunca. E dezenas que não chegam a seus pés, já vestiram a amarelinha.
Danilo joga muita bola. E tem uma leitura tática impressionante. Sabe onde se colocar, sabe como se deslocar. Sabe aonde a bola vai.
É um dos jogadores mais valiosos e vencedores do futebol brasileiro. Duas Libertadores e dois Mundiais, por São Paulo e Corinthians. Quatro títulos brasileiros da Série A, três vezes campeão japonês e três vezes campeão paulista.
Danilo não estará no Corinthians em 2019. Esteve contundido, ficou muito tempo sem jogar e está voltando agora. E é nítido que o corpo não aguenta mais. Ele tem certeza que é passageiro e que pode se recuperar. Ainda pode jogar um ano. O clube acha que não. Acha que é o fim da linha. E dignamente lhe ofereceu um cargo na diretoria. Danilo, também dignamente, recusou. No ano que vem, estará em outro clube. Talvez no Goiás, que o revelou e que está de volta à Série A.
Ele gosta mesmo é de bola. E a bola gosta dele.
Para os corintianos, ficarão muitas lembranças. Eternas lembranças.
Como o seu gol de bicicleta contra o Bahia. Possivelmente, o último. E que valeu dois pontos.
Um gol de bicicleta aos 39 anos.
Danilo é brilhante ou não?
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.