Diniz e o eterno flerte com o fracasso
Menon
02/05/2019 21h22
"Quando entram no mundo profissional, jogadores desaprendem a viver e aprendem a ganhar para dar alegrias a pessoas que os tratam como coisas.".
Foi no blog do Alexandre Lozetti que li a frase acima. Muito bonita. Repleta de humanismo. Demonstra preocupação enorme com o ser humano, tantas vezes tratado como máquina.
A frase é de Fernando Diniz. Foi dita pelo treinador em uma reunião na CBF, ao lado de Jorge Sampaoli e de Tite.
Por quê, mesmo? O que justifica sua presença ali, diante de dois treinadores com muito mais nome?
Tite é treinador da seleção brasileira. Jorge Sampaoli foi campeão da Copa América pelo Chile e dirigiu, de maneira desastrosa, a Argentina no Mundial.
E Diniz? Tem um currículo muito menor do que os companheiros de palestra. E um reconhecimento muito maior do que seus resultados.
E o desempenho?
Ora, os resultados são consequência do desempenho ruim, não? A não ser que posse de bola permita tudo.
Se Deus não existe, tudo é permitido, disse Ivan Karamazov, personagem de Fiodor Dostoiévski.
Se tenho mais posse de bola, tudo é permitido?
Até sofrer 21 finalizações na derrota por 2 x 1 para o Santos?
Até marcar apenas um gol nos três últimos jogos, com direito a derrota para o Santa Cruz, da Série C?
E a bela saída de bola, com bons passes, construindo o jogo desde o goleiro?
Bela, mesmo. Mas por que tantos erros? Erros que se transformam em gols. A culpa é dos zagueiros? São ruins? Não podemos caminhar para tamanha desonestidade intelectual: se dá certo, mérito do Diniz, se dá errado, culpa do zagueiro. Ou goleiro.
E a bola perdida no ataque, com volantes perto da área rival? Contra-ataque e gol. Foi recorrente no Furacão e terminou com demissão.
O que mantém Fernando Diniz como objeto de culto no futebol brasileiro? Aquele belo time do Audax? A perspectiva do que ele poderia apresentar em um time grande?
Uma perspectiva que agrada apenas aos seus cultuadores. Os torcedores vivem à beira de um ataque de nervos. Trocariam todas as belas palavras de um treinador que tem um flerte intenso com o fracasso com pelo menos um pontinho em seis disputados. Como o CSA.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.