Se os marcianos ou plutonianos invadissem a terra e obrigassem cada um de nós a nos apresentarmos ao novo chefe de plantão, ouviríamos algo do tipo:

Meu nome é Neymar Jr e sou ótimo jogador de futebol.

E em seguida?

Eu sou Neymar, pai de Neymar Jr.

Eu sou Rafaela, irmã de Neymar.

Eu sou Cebola, parça de Neymar

Eu sou Jota Amâncio, irmão de criação de Neymar.

É a entourage desqualificada (profissionalmente falando) que cerca Neymar. Sem o craque, seriam exatamente o quê?

Como Neymar existe e é um gênio, eles existem também. E têm uma vida de sonhos.

Todos amam Neymar, não duvido, mas todos dependem de Neymar. Sem ele, teriam de acordar cedo todo dia.

Para eles, é importante que Neymar continue sendo o menino Ney, o parça, o tois, aquele que mora em Paris mas sempre dá um jeito de estar no aniversário fraterno que rende fotos e cliques e bomba a conta do Instagram.

Neymar nunca vai crescer. Continuará sendo sugado como Ronaldinho Gaúcho foi a vida toda pelo irmão. Continuará sendo tratado pela sociedade como alguém que não toma decisões banais em sua própria vida.

No entorno de Neymar, não existe o Ministério do Vai Dar Merda. Não tem alguém que lhe diga para não levar uma mulher do Brasil até a França por dois dias de sexo. Não tem alguém para explicar que brigar na justiça pelo pagamento do parto do filho é um mal danado para a imagem.

Ora, como diz o meu amigo Nelson Nunes, a decisão de trocar o Barcelona pelo PSG é consistente apenas quando se pensa em dinheiro. A parte esportiva, o futuro futebolístico, tudo fica de lado. Só dinheiro. Para quem, mesmo?

Neymar sofreu agora o rompimento de um contrato com a Mastercard. Isso sim, deve soar como uma injustiça para os dependentes de Neymar.

Como diz outro amigo, Marcelo Laguna, Michael Jackson ganhou muito – musical e financeiramente – quando abandonou o pai. Lewis Hamilton também.

É impossível um astro pop, como Neymar é, cuidar de sua própria carreira. Então, contrate alguém que saiba. Não fique subjugado pelo pai, cuja formação financeira se restringe a ser…o pai de Neymar.

Os filhos são flechas que lançamos ao mundo. Ensinamos tudo que for possível para que possam voar e fazer sucesso. Com amor. No caso de Neymar, só há o amor. Não sou eu que vou duvidar. Mas não há a intenção que ele seja flecha. É apenas uma caixa registradora.

Para que mudar?

Para os Neymardependentes, está bom demais.

Quando a galinha já não botar ovos de ouro, eles estarão milionários.