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Rapinoe, capitã-cidadã, ensina Daniel Alves, capitão iludido

Menon

27/06/2019 04h00

Megan Rapinoe, capitã da seleção norte-americana de futebol, disse que, se for campeã do Mundial, não comparecerá à Casa Branca.

É uma mulher de atitudes fortes. Ela se recusa a cantar o hino dos EUA como forma de protesto.

"Como uma americana gay, eu sei o que significa olhar para essa bandeira e não tê-la como símbolo de proteção à sua liberdade. É algo pequeno que eu poderia fazer e planejo continuar fazendo para tentar espalhar uma discussão importante sobre isso", afirmou a jogadora.

"Acho que nunca mais vou colocar a mão no peito e cantar o hino nacional de novo".

A opção de Rapione é clara: o esporte não deve ser misturado com o conceito de patriotismo. Ao não embarcar em uma análise tão simplória, está defendendo a igualdade de gênero e membros da comunidade LGBTQ+.

Ajudar pessoas é um bem para a Humanidade. Muito mais que o patriotismo, que Samuel Johnson, escritor inglês definiu como "o último refúgio dos canalhas".

Daniel Alves, capitão da seleção masculina vai por outro caminho. Se Rapione se coloca como uma voz da comunidade LGBTQ+, ele se vê, dentro de campo, como um representante do país. Não só do futebol brasileiro, mas sim, do próprio país.

Foi o que disse em relação a vaias sofridas pela seleção. "A gente está aqui representando o país. Não é uma questão de vaiar só a seleção, eles estão vaiando o próprio país

"O Estado sou eu", disse Luís 14, o Rei Sol, que reinou por 72 anos, de 1643 até 1715, quando morte.

Ele se considerava, tamanho poder, a própria França. Daniel Alves se considera o Brasil.

E por que não  comparar Rapinoe com as jogadoras de futebol do Brasil e sim com Daniel Alves?

Primeiramente, porque a frase é dele.

E depois, porque seria desproporcional. Rapinoe joga em um país com Liga forte e, até por isso, com um futebol forte. Tem emprego, tem trabalho e assim, fica mais fácil lutar por questões de gênero.

As jogadoras brasileiras, antes da questão de gênero, precisam lutar para que haja emprego no Brasil para quem tenta ganhar a vida como futebolista.

Não se trata de estabelecer escalas de prioridade, toda luta é importante, mas que fica mais fácil para Megan Rapinoe, sem dúvida.

E Marta, capitã brasileira, fez um discurso emocionado após a desclassificação, justamente na direção do apoio ao esporte.

Coisa que Rapinoe não precisa fazer. Está amparada e livre para outras batalhas.

O que se vê no governo brasileiro é uma postura deliberada do fim de toda política esportiva.

E o presidente é apoiado por atletas e ex-atletas que não precisam de incentivo. Como o treinador campeão olímpico e o capitão do penta, aquele que, em seu momento de glória, homenageou Jardim Irene. Que é esquecido, esportivamente ou não, em todas as esferas do Poder Público.

Para eles, o homem é o Mito.

São aves de rapina

Nunca serão Rapinoe.

 

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Sobre o Autor

Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.


Menon