Guerrero, herói inca. Patino, velho amigo
Menon
04/07/2019 13h02
Lembramos os tempos do Paraguai, nosso time no Playball. Time dele, do Léo, do Gordo, do Aranha, Patão, Marcelo e Nicoletti. Eu atrapalhava bem.
Patino (o jeito correto de falar é Patinho) é brasileiro, filho de boliviano e paraguaia. Ele me contou um diálogo com o pai
Filho, a Bolívia está bem. Fez um gol.
Ótimo, pai. Está ganhando do Peru?
Não, o Peru fez três.
É o reflexo do amor ao futebol. Quem disse que só se pode amar ou sofrer por um time bom? Isso não é futebol. É restaurante por quilo, o de você escolhe só o que deseja.
É possível amar a Bolívia, a Portuguesa, o Zequinha, aqui de Porto Alegre, a Vila Braga de Aguaí.
E chego aos peruanos. Estão em êxtase. Depois de uma geração maravilhosa – Cubillas, Cueto (me lembra o Patinho, especialista em Sudamerica), Miffilin, Sítio, Baylon, Gallardo, Pericó Leon, Chumpitaz e outros – a seleção vagou pelo deserto por quase quatro décadas, com poucas alegrias dadas por Solano, Pizarro e Palácios – e chegou ao oásis.
Foi ao Mundial após 38 anos. E vai disputar a final da Copa América, após 44. O grande ídolo é Paolo Guerrero, saudado freneticamente pela torcida.
E que centroavante!!! Novidade nenhuma, todos já sabem. Mas é prazeroso ver a sua maturidade. Passando, dando o ritmo ao time, o Rei da Banda. Na área, tem uma amplitude enorme. Estufa o peito, abre os braços e cobre uma área de 18 metros. (Hipérbole, se me permitem).
E o gol? Mais frio que um esquimó gripado.
Guerrero é a reencarnação de Tupac Amaru.
Conduzirá o Peru para a batalha contra o grande favorito. Como o grande herói, que enfrentou os conquistadores espanhóis, será derrotado.
Não importa. Será amado e aclamado. O amor ao futebol não é exclusividade dos vencedores.
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.