O abandono da seleção e o eterno zurrar dos pachecos
Menon
09/07/2019 15h46
Vó Stela era corintiana. Vô Bacci era são-paulino. Tiveram cinco filhos.
Tio Percival era corintiano e virou palmeirense. Teve três filhos. O Val, palmeirense sem muito envolvimento, o Mauro, tão fanático, que era fã do Aragonés, e o João Amadeu, santista. Stela, Adriana e Valéria não torcem para ninguém. Mariana e Beatriz, filhas do Val, torcem pelo São Paulo, como Cecília, a mãe delas.
Tio Pércio era são-paulino. Justamente ele, tão apegado à vó Stela.
Tio Maurício era corintiano. Maurício Jr, Fabíola, Denise e Samuel, também. Natália, filha da Fabíola é são-paulina.
Mamãe não era nada. Torcida para o São Paulo ganhar por causa de meu pai.
Tio Marcião é corintianíssimo. Bruno, Márcia e Flávia também. Anamaria (homenagem a Sérgio Endrigo) é são-paulina por influência do tio Pércio.
E assim vai a árvore genealógica. Pequenas mudanças diante das escolhas iniciais. Mudanças respeitadas. Mas, cada um torce para quem quiser.
Cada um vota para quem quiser. O único risco é terminar o grupo de WhatsApp da família. Meu irmão tem nojo de feijão. Eu me esbaldo na feijuca toda quarta e sábado. Samuel toca em uma banda de rock. Adriana era da sanfona (saudades).
Tenho primos sennistas e piquetistas. Bossanovistas e hardcores. Terraplanista? Bem, somos loucos, mas nem tanto assim. Em Casa Branca, diz-se que nem todo louco é Bacci, mas tido Bacci é louco.
Somos livres, os Bacci, os Simon, os Menegato, os Silveira, todos os brasileiros. Livres para exercer o livre arbítrio.
Eu não torço para a seleção. Já torci muito, já chorei em 66, quase chorei em 82, mas, não mais.
A seleção se afastou de mim. Não pertenço a ela e ela não me pertence. Não gosto daquele tipo de gente em nenhum tipo de esporte: milionários que não se preocupam com nada.
Adoro meu país, sou nacionalista e patriota. Nunca prestei continência à nenhuma bandeira alheia. Sou contra trabalho infantil e tenho esperança que esse período em que somos governados por um trouxe Freak que exalta a ignorância vai terminar um dia.
Esperança, não. Certeza. Só não sei se estarei aqui para ver.
Nota: não falo de esquerda ou direita, não é do que se trata. É de burrice mesmo.
O texto foi uma tentativa de conversar sobre este assunto sem o baixo nível do zurrar contínuo dos que resumem tudo a chupa, chupa, chupa….
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.