Chora, Jajá!!!! Vocês merecem
Menon
17/11/2019 11h40
Jajá olhou para a frente, para um lado e, quando buscou o outro lado do Itaquerão já não enxergou nada. As lágrimas impediam.
Não era o choro medroso de Thiago Silva na Copa do Mundo. Era o choro emocionado de quem havia chegado ao ápice. De alguém que sempre contará aos descendentes que jogou futebol e foi vista por 30 mil pessoas.
Perdeu por 3 x 0.
E daí?
Título é bom, o Corinthians ganhou com justiça, mas Jajá e outras 30 garotas podem comemorar o fim da invisibilidade.
Foram vistas por 30 mil no campo e por muito mais gente pela televisão.
Vistas fazendo o quê?
Trabalhando. E aí, precisa chorar mesmo. É maravilhoso. Qual seria a solução para Jajá e outras? Jogar tão bem que merecesse um convite para trabalhar na Europa. Caso contrário, desemprego.
Agora, não. É tudo ainda incipiente, mas uma garota já pode ganhar (mal, é certo), ganhar a vida jogando futebol no Brasil.
É maravilhoso, não apenas pelo histórico de preconceitos (que estão ajudando a quebrar), mas por criar emprego em um país em que o assalariado é tratado como um entrave, como um inimigo da Pátria.
Jajá pode trabalhar.
Jajá pode trabalhar jogando futebol.
Jajá pode ser vista, trabalhando como jogadora de futebol.
Chora, Jajá!!!
Sobre o Autor
Meu nome é Luis Augusto Símon e ganhei o apelido de Menon, ainda no antigo ginásio, em Aguaí. Sou engenheiro que nunca buscou o diploma e jornalista tardio. Também sou a prova viva que futebol não se aprende na escola, pois joguei diariamente, dos cinco aos 15 anos e nunca fui o penúltimo a ser escolhido no par ou ímpar.Aqui, no UOL, vou dar seguimento a uma carreira que se iniciou em 1988. com passagens pelo Trivela, Agora, Jornal da Tarde entre outros.